segunda-feira, julho 31, 2006
A saga continua...
Abençoada mãezinha que está de férias e me acompanha e atura os meus devaneios e irritações; a minha impaciência, mau humor e ma acordar!
Continuava sem o número de utente que precisava para o cartão europeu de saúde, embora tivesse um documento provisório em como o pedi, mas pensei cá para comigo, “pá, se podes usar o número de inscrição no centro de saúde para as receitas médicas, porque não tentar pedir o outro cartão?”
Chego à loja do cidadão (nem morta que voltaria para a segurança social do Areeiro), e espero pela minha vez, com a minha mãe. Pergunto a uma senhora que estava a atender na segurança social se podia usar aquele comprovativo para pedir o cartão, ao que ela me diz que acha que não, mas não tem a certeza. “Começamos bem”, pensei eu. Decidimos tentar a sorte. À uma da tarde, ainda ia no número 98 e nós éramos o 164, e decidimos ir almoçar. “Bem, se demorou 100 números das oito e meia da manhã até à uma da tarde, bem podemos ir relaxadas”, disse eu para a minha mãe. Esta mania analítica que me foi incutida ainda me sai cara um dia...
Lá fomos. Pausadamente. Comemos sossegadas lá perto. Falámos, fomos ao wc. Não demorámos nem uma hora. Quando voltámos, ia no número 157. Quase soltei um sonoro “foda-se!” à frente de toda a gente, mas lá me aguentei. Como raio tinha aquilo avançado tanto em tão pouco tempo? Isto vai contra todas as leis da física e da termodinâmica! Se Einstein fosse vivo tinha que estudar isto! Que fenómeno!
Em três tempos sou atendida, e peço o cartão com o comprovativo que tinha, ao que a senhora me diz: “Sem o número de utente não lhe posso dar”. “Mas nem com o número de inscrição lá vai?”. “Não, mas olhe, vá ali à zona do Ministério da Saúde e peça lá o número, que talvez lho dêem. Se o pediu dia 20, como aquilo só demora dois dias, talvez tenha sorte.”. “Mas mas... A senhora do centro de saúde disse que demorava 15 dias!!!”. “Não, só demora 2, no máximo 4”.
Eu levanto-me e agradeço, a pensar na minha cabeça que “juro por todos os santinhos que vou às trombas daquela puta daquela mulher do centro de saúde que já me enganou duas vezes, puta de merda, que juro que lhe vou às trombas daquela puta, trombas de merda, vaca duma porra...”, e por aí em diante.
A minha mãe, que é esperta que nem um alho (anos de experiência, diz ela), perguntou à senhora se podíamos ser atendidas de novo sem senha se conseguíssemos o número, ao que o anjo da senhora diz que sim. Antes de prosseguir, o meu primeiro bem-haja à senhora da segurança social da loja das laranjeiras que se não me engana se chama Filomena qualquer coisa (não quero identificar mais que isto).
Vou para a zona do ministério da saúde onde sou logo atendida, e onde a senhora me diz que vai telefonar para o centro de saúde para pedir o meu número, que demora 2 dias, e por vezes só 24 horas, por isso elas tinham-no de certeza. Estive quase para a beijar.
A senhora telefona para o centro de saúde, alguém atende, ela diz ao que vai, passam a outra pessoa, ela diz ao que vai e passam a outra pessoa (“foda-se”, pensei eu). Em 5 minutos dizem-lhe o número, eu agradeço-lhe imenso e refiro que me poupou a uma data de dores de cabeça, volto para a zona da segurança social, sou atendida em três tempos e trato do problema.
Antes de prosseguir, um grande bem-haja à senhora do ministério da saúde e um segundo à senhora da segurança social pela sua incrível eficiência. Esperei um dia, mas não foi em vão. Os meus eternos agradecimentos.
Por outro lado, sendo eu meramente humana e como tal fraca, apenas desejo infelicidades à senhora do centro de saúde. Se informasse mal mas fosse simpática, escapava. Mas como a sua arrogância roçava a bestialidade, de facto só espero que tenha muitas dificuldades na vida quando tiver que tratar de coisas que precise com urgência, e sobretudo para seu bem, que nunca mais na vida se cruze comigo, porque estou-lhe com um pó, capaz de me fazer dar-lhe com a mala nas trombas de porco que ela tem.
De facto a diferença de tratamento, competência e eficiência entre pessoas da segurança social é avassaladora.
domingo, julho 30, 2006
O cabrão do último siso decidiu partir-se.
Chamada urgente para a minha dentista. “Desculpe mas está de férias, tem que marcar para outro doutor”. “Estamos mal, já o arrancar de dentes é aliciante, quanto mais com quem não conheço de lado nenhum”, pensei eu. Mas tudo bem, também não estava mais para aleijar a minha boca. Não sou masoquista a esse ponto. Lá decidi marcar e acabar-lhe com a raça. Também, já sou doutorada neste striptease de dentes: já perdi a conta à quantidade que foram arrancados.
Peço ao meu pai para ir comigo, não vá ser necessário arrancar a réstia de juízo que tinha na boca (ter que voltar para casa de transportes não é do melhor) ao que ele começa logo a praguejar:
“Mas eu não tenho mais nada que fazer? Que porra de merda também, não fazes nada sozinha! Quando te casares, que aliás, nunca mais chega esse dia, para mal dos meus pecados, também vais pedir ao maridinho que te faça a papa toda? É? Que pachorra... Tanta emancipação e queima de sutiãs, para isto... Sou o ganha pão da casa e tenho que faltar para ir com a menina ao dentista. Ele é com cada uma!”. Ele queixou-se durante três dias, até ao dia fatídico, mas lá me fez o favor.
Chego, espero um pouco e o meu pai lembra-se que se esqueceu de pagar o estacionamento e vai ao carro. Sou finalmente atendida. Sento-me na cadeira, piadas do doutor a dizer que era o segundo siso que ele tirava na vida. Primeiro pensei: “Raios partam o homem... Está a brincar não? Onde me fui eu meter? Foda-se!”, até que olhei para a assistente que se estava a rir e percebi que era gozo. Injecções de anestesia, que por sinal me fizeram verter uma lágrima pela primeira vez na vida, espera 5 segundos, escavaca, puxa, e sem me dar conta, lá está aquele sacaninha cá fora, imóvel, coberto de vermelho.
“Está a ver? Estava podre!” E mostra-me o doutor o dente com um buraco cheio de nhanha lá dentro. “Porra, já o outro siso de cima nasceu morto e podre... Tenho uns dentes tão bons, sem cáries nem nada, e os sisos é que nascem podre... Será que quer dizer que o meu juízo é podre também? Estou bem arranjada...”
Vou para a recepção, e volta o meu pai. “Então? Que estás a fazer em pé?”, ao que eu respondo: “Já está!”. “Mas já está o quê? Estás parva?”. “Já está! Já arrancou!”. Pai com cara de boi: “Mas como assim? Não me demorei nem 5 minutos! Mas que merda é esta?”.
Lá pagamos, ou melhor, paga ele, não sem antes dizer: “Porque raio hei-de eu pagar? Pagas tu, andaste a trabalhar para quê? O dinheiro é para estas coisas mesmo!”. Deitei a língua de fora, e ele lá pagou.
Agora começa a tortura. Não são as dores, que isso nem tenho. É o não poder comer. Assim que saio do consultório, não sei se por sugestão se não, começo logo a sentir o estômago a mirrar e a roncar. “Tenho fome”, digo eu.
“Estás cá com uma sorte! Não podes comer nada, só líquidos! Aliás, é da maneira que poupamos algum, que da maneira que tu sorves comida, levas-me à falência. Tenho mesmo que te empandeirar com um gajo rico qualquer que ature isto.”, grunhe o meu pai.
Desde ontem que estou a líquidos e sopas passadas. E tudo frio. Até a comida do meu cão me parece apetitosa. Cada vez que olho para o meu periquito vejo um frango assado no poleiro, e o meu gato parece-se tanto com um coelho à caçador. Os sacanas dos Oliveiras desde que souberam disto, que se decidiram a fazer churrascos no quintal, mesmo ao lado da janela do meu quarto. A toda a hora me vem o cheiro a carne assada e grelhada. Sacanas, só porque o meu pai ainda não lhes devolveu o corta relvas... Desde aí que os nossos quintais se tornaram na faixa de Gaza da Península Ibérica. Não tenho pachorra mesmo.
Eu só quero é comer. Comer, comer e comer.
terça-feira, julho 25, 2006
Passou um mês. Olho para o calendário e dou-me conta que… oops… ok, pânico no túnel.
Pega no telefone, liga à Porcotte. Desabafa com ela. “Porca... acho que estou virtualmente grávida!” Vira-se ela, com aquele tom reprovador dela do costume (mas quem é ela, para eu ter que a aturar? Vai-te de embora de uma vez mazé que já não te aturo mais!) “Badalhoca! Vaca! És uma dada! Pimbas que já te lixaste!...” e depois de vários insultos, decidiu perguntar o óbvio, mas sempre com aquele tom meio irónico, meio falso, meio convencido dela (estrunfa): “mas... como?”. “Olha”, disse-lhe eu, “é o que dá meter o cabo usb onde não devia... e lidar com gajos que não usam antivírus!”. Depois de várias tentativas de “Porcotte, tás aí?” “Porcotte? Alô?”, pergunta-me ela discretamente (com ar de quem se queria preocupar muito com a coisa) “Mas afinal, é menino ou menina?” ao que eu respondi então “Olha Porca, acho que vais ser tia de um lindo digital...”.
... Porca, será que com 80 anos, velhas gágás, com netos e mil cães e gatos, e os nossos filhos casados (como era? o meu filho com a tua filha não era?), vamos continuar a dizer merda...? Será que... não vamos crescer nunca? (promete-me que não!!!!)
segunda-feira, julho 24, 2006
Sexta-feira Porcotte colou-se a Shoo, tendo pernoitado em sua casa, como só uma boa chula sabe fazer. Levantam-se estas duas meninas tardiamente no sábado, depois de uma noitada extasiante e esgotante, quando Shoo se vira e diz:
Shoo: “Olha, podíamos ir ver aqueles barcos, que parecem de piratas sabes?”
Porcotte: “Olha, para já... São VELEIROS, sua ignorante... Em segundo, aprende comigo que eu não duro sempre. Em terceiro, olha, até é boa ideia! Deve estar tudo na praia, aquilo até deve estar bastante vazio! Ninguém deve saber disto!”
Depois de almoçarem (e almoçarem bem! Ai meu Deus... Tagliatelle italiana feito por italianos de gema, eu até arrotei 5 vezes... E aos puns perdi a conta) dirigem-se de carro para as docas, acompanhadas dos progenitores de Shoo que quiseram também ver os veleiros.
Por um erro de cálculo, infelizmente apanhámos bicha na Avenida de Ceuta (Não me refiro a mariconços, mas a bichas de carros). Depois de muito praguejar em italiano (aprendi umas bem boas! Já me safo em Itália!), lá chegamos finalmente às Docas de Alcântara. Mais bicha (e não me refiro a homossexuais). Mais praguejar em italiano (aprendi outra novas), até que os progenitores desistem da ideia de arrumar o carro e deixam-nas ali sós e desamparadas...
Lá vão as duas a medo, a dirigirem-se para a zona dos barcos, quando vêem uma chusma de gente. Mas uma chusma inacreditável! Parecia que nasciam do chão! Parecia um formigueiro!
Elas andam ao longo do Tejo e vão vendo barcos, vão comentando, vão vendo gajos, vão comentando. A certo ponto chegam à zona da ponte móvel, onde ficam à espera que os barcos passem todos, para a ponte as deixar passar para o outro lado para verem mais barcos. Aquilo nunca mais andava, e cada vez mais gente se concentrava ali. Ás tantas elas pensam em dar mas é a volta aquela merda toda. Shoo, que é uma atada, diz a Porcotte: “Vai ali perguntar aquele bombeiro se dá para dar a volta?”. Porcotte, radiante, vai ter com o bombeiro, que era um senhor bombeiro (meu deus, um pedaço de mau caminho) e o bombeiro aconselha a esperarem pela ponte. Depois de trocas de número de telefone (isso queria ela), lá ficam à espera.
Agora a coisa curiosa: Porcotte é portuguesa de gema. Shoo é italiana de gema. Toda a gente sabe que italianos não fazem bichas, passam à frente de toda a gente: é uma lei universal. Porcotte fez-se de parva, e pôs-se na multidão à frente da ponte em vez de ir para a bicha... “Mas eu sou parva não?”. Shoo vira-se: “Mas não faz mal? Não é chato?”. Porcotte grunhe: “Macagar”.
A ponte lá gira, e elas ainda esperam que os de lá passem para cá, para elas poderem passar para lá... Suam que nem porcas, mandam bocas, apanham sol, dizem ordinarices com crianças ao pé e vêem os pais a abanar a cabeça chocados (pedimos desculpa, não é por mal). Enfim, um festival. Finalmente começa a multidão a andar, e lá vão elas, perdidas uma da outra já, a passar a ponte.
Chegam ao outro lado, e Porcotte como é inteligente decide ir por onde não estava quase ninguém. De repente, abre-se o horizonte perante elas e elas vêem um barco lindo. Perdão... Veleiro lindo. Escuro, de madeira, com dourados, imponente. Grande e roliço. Lá vão elas a correr para ver melhor aquilo. De repente apercebem-se que há uma fila para ver aquilo... PODIA-SE VISITAR POR DENTRO... De repente, vêem a bandeira italiana... ERA O VELEIRO ITALIANO! O Amerigo Vespucci!!
Shoo: “Aquilo está cheio de marinheiros italianos...”, diz ela, com um olhar vidrado.
Porcotte (a salivar): “ Eu sei...”, e o resto que ela disse já nem se percebeu.
Esperam elas na bicha, Porcotte assusta-se com uma gaja vestida de pirata que andava a assustar pessoas, e enquanto estavam na bicha... Era ver o desfile de marinheiros... Fardadinhos... Gostosinhos e apetitosos... Limpinhos, arrumadinhos. De um branco imaculado e virginal. Finalmente chega a altura de entrarem e... O Paraíso na terra. Ou no mar, depende do ponto de vista. Muito fingiram aquelas duas que olhavam para o navio... Falsas! Rebarbadas! Taradas! Andavam mas é a ver tudo o que era marinheiro. Há que dizê-lo: de todos os que estavam em cima do barco, aproveitava-se 98%. Os 2% correspondiam a marinheiras (vacas das gajas). A maioria lourinho de olhos azuis ou verdes. Alguns morenaços jeitosos. Quando Porcotte toma balanço para tirar fotografias com os jeitosos, vem um grupo de gajas atiradiças que lhe roubam a ideia. “Maldição!”, pensa ela. Segundo a outra, eram espanholas... E não vou fazer trocadilhos com espanholadas porque já agonia.
As duas moças continuam a ver o “barco”, com seu imponente mastro. Saliente-se que havia escadas bem íngremes, nas quais Porcotte deve ter mostrado o cu a toda a gente porque decidiu ir de saias (esperta, a gaja).
As duas moças saem dali, com um sorriso nos lábios. Com a sensação de que “valeu a pena”. Valeu a pena o calor, as bichas, o suor. Tudo. Saíram de barriga cheia. Com aquele sentimento de que há mais qualquer coisa para além...
Here's a first-hand account of the current situation in Lebanon by a local mathematician (and mother of one baby):
Date: Mon, 17 Jul 2006 08:00:09 +0100 (BST)
Dear Yasser,
Many thanks for your e-mail...I am speechless beyond imagination. We are going well...by that I mean weare still all alive.They are hitting everywhere....not just the military strongholds..they arekilling civilians and not militants...they are destroying homes andbuildings...not offices...the shelling is close to all of us, be thatsouth of beirut, or west of it near the sea..where i live. Aircrafts keepbuzzing over our heads all day and night...warships fire from ourside...homes are tumbling on top of their occupants...fuel supplies arebecoming a problem...food and water, and milk for babies...all about to goshort with the complete blockade...no one to escape from air, sea or land,except if being evecuated by their "home" embassies...yes, we're going well...only to live this nightmare.thanks for checking on us...and hope to speak to you on a happier not,though I think I have lost the will to dream of a happier life in thisplace.
Fatima
quinta-feira, julho 20, 2006
Devo confessar que estou aquilo ao que chamo os 3 P’s: passada, possuída e possessa. Porquê? Porque hoje foi o dia mais bem passado e agradável da minha vida... Ironia?
Precisava de tratar de um cartão de saúde e então ontem dirigi-me ao centro de saúde da minha zona. Disseram-me quais os documentos de que eu precisava (CLARO que não tinha todos, por isso não pude tratar na altura. Falta sempre uma caca de mosca dum documento), e eu aproveitei para dizer que me ia ausentar do país por uns meses e que me dissessem também já agora do que precisava para ter assistência médica lá fora.
Quero referir antes de prosseguir a história, que a senhora que me atendeu era amorosa: assim uma mistura de Medusa com Cruela Devile. As serpentes não estavam na cabeça, mas sim naquela língua viperina bifurcada que cospe veneno de cada vez que abre a boca. (Onde ela queria a serpente enfiada sei eu, mas não digo).
Falando-me de alto e falando alto também, como se eu fosse uma atrasada mental (tive quase para dizer: “Ó minha senhora, mas pensa que está a falar com quem? Com a sua vizinha? Trate-me por senhora engenheira e com muito respeitinho”. Não o fiz porque odeio puxar dos galões, “Mas para a próxima levas nas trombas. Não perdes pela demora, minha besta!”, pensei para mim), informou-me, sempre com aquele tom de vaca leiteira que está para parir e lhe pesam as mamas, que: “Ai, então não vale a pena tratar deste. Vá directamente à Segurança Social, e trate do outro, já que vai para fora! Pode ir tratar aqui ou aqui!”. Ao que a bela da Porcotte responde: “Mas tem a certeza? Basta o outro? Então posso usar o outro também cá?”, ao que a vaca vesga com beiços rosa-choque me responde: “Pode, pode!”, e assim me despacha à velocidade a que a galinha põe um ovo. Aliás, na última palavra, já nem estava a olhar para mim, mas de braço estendido como uma pedinte miserável para atender outras pessoas. Estive quase para lhe atirar com um cêntimo aos cornos, como caridade (onde ela queria o cêntimo sei eu...).
Hoje então levanto-me cedo e chego à segurança social às nove e meia da manhã. Grande confusão, não percebo nada daquilo nem onde me devo dirigir, pergunto a este e aquele, e entretanto um senhor muito simpático dá-me uma senha duma senhora que tinha desistido (deve ter sido dos meus lindos olhos, ou pernas, porque eu estava de vestido, toda uau). Penso eu: “Desistiu já? Porque será? Isto só abriu às nove!”. Olho para a senha e vejo: 104. Olho para o painel e vejo: senha número 9.
Por dois dias seguidos que se me gelam os pintelhos. Naúseas, ardores no estômago, cólicas, vómitos, e suores frios (vou mazé fazer um teste de gravidez... Nunca se sabe... O ar transporta tanta coisa!). “Ok... Isto está a andar a passo de caracol... Estamos mal... Vou passar aqui todo o santo dia”. Olho em volta: tudo com cara de poucos amigos, com ar cansado. Com ar miserável.
As horas passavam, os números é que não. Até houve uma altura em que me deu a impressão que andaram para trás. Quase juraria com todos os dentes que tenho e os que me faltam...
Queria também saudar à brilhante organização do sistema de atendimento: há os números normais, e os prioritários. Quem são os prioritários? Supostamente seriam os idosos de bengala, as pessoas de cadeira de rodas e as grávidas...
Para já, nunca vi tanta grávida e criança na minha vida... E depois dizem que a Europa está a envelhecer... É só ir à Segurança Social e vê-los a nascer do chão!
Chega as 13h00 e o número estagnara no 45. “Bem, já está na hora do farnel. Já emborcava qualquer coisa”. Mas a estúpida, sempre com medo de perder o lugar (sim, porque se podem evaporar 60 pessoas de repente, sem motivo nenhum), foi a correr comprar uma sandocha mista e uma garrafa de água e voltou para comer no lugar.
Retomam as conversas com o senhor do lado e a senhora do lado, e com quem mais quisesse ouvir e participar na conversa: “Este país é uma vergonha”, ”Aquela ainda agora chegou e já quer passar à frente”, ”Mas aquele em vez de olhar para o computador porque não atende?”, ”Aposto que aquela vai para almoço e nós aqui”, ”Estou aqui desde as sete da manhã”, ”Ainda tenho duas horas de viajem pela frente que eu vim de longe!”, “ Aquele é prioritário porquê?”, enfim, o costume.
Ás 15h23 da tarde: os números vão do 75 ao 104 duma penada... Confesso que tive um orgasmo. Múltiplo. Quanto mais os números avançavam no painel, mais prazer eu sentia. Eu já salivava e espumava por todos os lados. Eu sentia borboletas na barriga. Eu... Eu... Eu sei lá!
Chegou o meu número, e eu entrei, sentei-me e expliquei à senhora o que queria. Ao que ela diz: “Qual o seu número de utente?”. Ao que eu respondi: “Não tenho. Perdi o direito à ADSE quando fiz 25 anos”.
Ela: “Mas não lhe posso dar o cartão que quer sem o número de utente!”.
Eu: “Mas quando fui tratar disso disseram-me que não era preciso porque ia para fora e para vir directamente tratar deste”, já dito com voz e cara de poucos amigos.
Ela: ”Pois, mas sem o número não posso! Já devia ter tratado do cartão de utente”.
Porcotte inspira, e desata aos berros:”Minha senhora, fui informada que não precisava do outro cartão para nada quando fui tratar dele. Nunca precisei dele porque tinha ADSE. Estou aqui desde as 10 da manhã!!!”
Ela: “Eu não tenho culpa que tenha sido mal informada, já devia ter tratado disto quando perdeu o direito à ADSE”
Porcotte levanta-se exaltada, a senhora recua na cadeira, e Porcotte diz, sempre num tom “ligeiramente” exaltado: “ A senhora não tem culpa, mas eu ainda menos tenho! Não tenho culpa que a outra senhora seja uma atrasada mental e me tenha informado mal! Quando fui tratar do cartão, dizem-me que não é preciso, o que quer que faça? Estou aqui desde as 10 da manhã, perdi um dia inteiro por causa de uma má informação dada por uma incompetente!!”
A senhora diz-me para eu me sentar e telefona não sei para onde, a perguntar se realmente precisava do número, ao que lhe respondem que sim. Embora possa parecer simpático da parte dela, tenho que referir que isto foi tudo efectuado com extrema arrogância da parte dela e com cara de: “Eu não lhe disse? Eu bem tinha razão.”
Levanto-me outra vez, continuo a barafustar e a berrar, que “É uma pouca vergonha!” e saio porta fora, não sem antes dizer: “Este país é uma vergonha! Porra!”. Adoro dizer estas coisas, confesso.
Fui à velocidade da luz apanhar os transportes e ainda cheguei a horas ao centro de saúde: eram 16h10.
“Lá está a vaca parideira... Filha duma égua, espera que eu já tas canto...”. Cheguei ao pé dela e disse que ia tratar do cartão de saúde. A cabra enqueijada deve-me ter reconhecido e diz com aquele tom viral: “Sabe, só atendemos até às 16h00, mas não queremos complicar a vida a ninguém”. Porcotte dá o seu melhor riso amarelo, e responde às perguntas de forma bastante seca. “Desta vez minha vaca, escapaste-te... Mas quando tiver que cá voltar não perdes pela demora... Vais ver como elas te mordem, minha alforreca acéfala...”.
Obviamente que o numero vai demorar 15 dias a ser dado, e só aí poderei tratar do outro cartão. Não sem antes dizer que me foram postos bastantes obstáculos perguntadeiros aquando da inscrição para a obtenção do cartão. Mas com a minha cara de poucos amigos e o meu tom seco, a coisa lá andou. Juro por todos os santinhos que ia haver molho se a coisa não se resolvesse hoje...
Puta de função pública! Foda-se!
terça-feira, julho 18, 2006
Ontem cheguei a casa e tinha um aviso de recepção dos correios... “Que raio... Mas eu não faço anos! O que raio quererá a minha madrinha de mim?”
Hoje levanto-me e vou lá, pego no embrulho (“Mas que raio?”) e volto para casa (“Que raio será isto?)”. Sento-me no sofá da sala (pá, já tenho o cu quadrado de não fazer um cu, só cabe mesmo no sofá), e abro o embrulho. Ok... Um pano e uma toalha de cozinha. Bem giros por sinal. De bom gosto.
Revolvo a caixa, e vejo que tinha lá dentro um cartão. Abro o cartão, e leio o que lá está dentro. Gelam-se-me os pintelhos ao ler aquilo. Um arrepio percorre-me a espinha dorsal. Começo a suar. Fico descontrolada... Os vómitos insistem em subir pela laringe, faringe, e o diabo a sete. Releio porque não acredito. Só podia ser uma partida. Ninguém seria tão cruel ao ponto de fazer isto. Não a mim... Não mereço, até me tenho portado bem!
“Querida Porcotte,
Não resisti e decidi comprar isto para o teu enxoval!
Beijinhos da tua madrinha,
Maria da Conceição”
Para o meu enxoval?? Mas mas... Não tenho casa porque não cago dinheiro, e muito menos perspectivas duma. Não tenho marido porque ainda não arranjei nenhum rico que cague dinheiro e me compre uma casa... Mas que merda é esta? Nem sequer vou casar!
Os meus pais chegam a casa, e eu mostro-lhes aquilo. Vira-se o meu pai, com aquela doçura típica dele:
Pai: “Porra, já num era sem tempo, alguém cum pouco de visão na cornamenta, carago! Realmente já tas aqui a mais, ainda não percebeste? Vai mazé tratar da tua vida, que já és um fardo nesta casa! Não estou para trabalhar mais para te alimentar! Mas eu sou teu pai?? Por tua causa ainda não comprei o carro que sempre quis! Ele é contas do liceu, contas das propinas, sim, que a menina não podia ter-se limitado a ser caixa dum super... Nãooooo! Tinha que ir “estudar”... É roupa daqui, comida dali, que logo me havia de calhar um aspirador! Porra! Que fiz eu para merecer isto?”, e joga as mãos ao céu, suplicante.
A minha mãe contrapõe:
“Marido, se não te tivesses deixado levar pela luxúria naquela noite de inverno, nada disto tinha acontecido! Quiseste, agora amanha-te! Afinal quem a teve fui eu! Fui eu que fiquei com estrias, com náuseas, com dores! Eu é que tive esta pequena maravilha que era um autêntico pedregulho. Realmente filha, comes como se não houvesse amanhã... Por vezes devias moderar-te... Fazer exercício... Mas tu marido, nem te atrevas a falar assim com ela! Que culpa tem ela?? Nenhuma! Estou farta é de te aturar a ti, com essa pança rotunda, esse bigode farto e esse cheiro a cerveja coalhada... Levanta mazé o cu do sofá e vai arranjar aquele móvel da casa-de-banho que está empenado há meses! Não serves para nada!”
O meu pai levanta-se não sem antes barafustar, aos berros pela casa, que “está farto de tudo e desta família e desta casa” que só ”lhe dão trabalho, desgostos e dores de cabeça”. Consegue-se ouvi-lo mesmo na barraquinha das ferramentas do quintal. Escusado será dizer que os vizinhos Oliveira ficam a par de tudo o que se passa nesta casa... Mas também, o Sr. Oliveira anda enrolado com a Sãozinha da padaria, e a Sra. Oliveira anda a tentar fazer olhinhos ao leiteiro, não sem antes ter feito dois belos olhos negros à coitada da Sãozinha. Isto para nem sequer falar da filha deles que anda metida com um motard de aspecto muito duvidoso e já tem a barriga um tanto ou quanto saliente... Desconfio que vamos ter uma Oliveirinha a brincar no quintal brevemente...
De resto, limito-me a suspirar pelos cantos da casa e tentar passar despercebida, não sem antes enterrar no quintal o Tweetie número 324, que também não aguentou os berros, e afogou-se no bebedouro. O meu cão, esse, já tem peladas no lombo do nervoso, e o meu gato vai de encontro a tudo o que é árvore do quintal. Desconfio que anda um pouco neurótico, mas não consigo entender porquê.
ALIÁS: “para o pc”...? Perdão. ERRO DE SISTEMA. Porque a boa da Shoo, não era pirosa o suficiente. Não. Não bastavam as camisolas rosa shock a condizer (amigos, a isto chama-se raccord) com as unhas, as chinelas e o bandana da cadela... não. Tinha que ter... um Mac... Eu vou repetir... um Mac. O que é que têm unhas rosa shock e um Mac a ver? Nada. Mas é para terem a noção de como ficavam bonitinhas as minhas mãos em cima do teclado branco (direi mesmo virginal)! Ahhhhh lindo por fora, lindo por dentro... pfff confesso... fiquei vendida. Fascinada. Cativada. E mais, e mais... E agora, não quero outra coisa.
(btw: copy brutal )
E agora, desculpem lá, mas é tarde, estou podre, e quero brincar aqui com o meu bebé... Porcotte, se lavares as mãos 30 vezes de seguida, e prometeres não respirar, deixo-te ver como ele é lindo... assim bonito, assim mas assim assim mêmu bom!! (E ela responderia: “mas eu quero ver essa merda para o quê? Mete-o num sítio que eu cá sei...” e eu que a aguente... javardona! ENBEJOUZA! eheheh)
segunda-feira, julho 17, 2006
sábado, julho 15, 2006
Primeiro, era no cu de Judas...
Em segundo estava um calor... Mas uma merda dum calor, de me fazer derreter os dentes.
Em terceiro ia ter que aturar umas tresloucadas, e sinceramente não tenho pachorra... Afinal tenho mais que fazer: umas boas horas marcadas a roçar o cu pelas paredes. Bem mais interessante!
Começo a andar para a paragem do autocarro e sinto uma dor lancinante no dedo grande do pé... A cabrona da sandália tinha-me posto o dedo grande em carne viva... “Estás bem arranjada, minha besta!”, pensei para os meus botões. “Vais a coxear como uma imbecil até ao almoço! Este dia está definitivamente amaldiçoado!”.
Apanho o autocarro (por acaso sentou-se um estrangeiro bem jeitoso ao meu lado... Estive vai não vai para lhe ensinar francês) e quando estou a chegar à paragem do bus telefono à Shoo: “Olá Noja Bacalhôa! Olha, estou a chegar, por isso mexe essa peida que tenho mais que fazer. E olha, espero bem que tenhas um penso rápido porque estou com os pés a sangrar! Percebeste?”. Ela responde que sim, sempre com aquele ar submisso dela. É tão banana esta gaja! E eu que a ature!
Depois de uns valentes 40 minutos ao sol à espera que elas se dignassem a aparecer de carro, lá vejo um carro com duas gajas dentro: Shoo e BITCH, aos berros pelo vidro...
“Estou bem arranjada... Mas como é que te metes nestas merdas? Porque cais sempre que nem uma pata choca? O teu pai bem que te deu uns tabefes para te tornar mais firme e forte, mas tu cais sempre que nem uma estúpida... Fazes sempre o que os outros querem, contra a tua vontade”.
Depois de umas quantas manobras que atentaram contra a minha vida, lá chegámos ao sítio, não sem antes eu ter uns quantos vómitos pela velocidade alucinante com que a BITCH guiava. Memo para mim: não entrar mais no carro daquela gaja.
Sentámo-nos na esplanada. Foram tais os berros, os palavrões e as conversas porcas e devassas, que as pessoas que estavam ao nosso lado se pisgaram, deixando-nos então o lugar vago para a última tresloucada que estava atrasada (o meu agradecimento a essa tão boa gente!). Eu devo de dizer que acho uma falta de respeito as pessoas chegarem atrasadas, mas tudo bem. Vou-me calar senão ainda apanho por tabela.
Chega a tresloucada número três de seu nome BABE (não me incluo neste grupo, porque eu não sou estouvada nem doida: sou uma pessoa muito bem comportada, calma e nunca digo disparates).
Chega um momento algo sui-generis (nunca pensei, confesso): a escolha da comida... Se eu disser que se passou mais tempo a escolher a comida do que a comê-la acreditavam? Já viram o que eu aturo? Eu já quase chorava...
Shoo foi pedir a comida dela e a minha (eu bem digo que ela é uma banana!), depois de BITCH. BABE foi depois, e sua realeza Porcotte ficou sempre com a peida sentada, sem mexer uma palha. Maus hábitos! Mas sabe tão bem!
Baguettes e batatas foram devoradas, salada de couscous também devorada foi, bebidas bebidas, arrotos dados, conversas porcas, novidades e não novidades rolaram, gajos jeitosos passaram ao lado, gajas borbulhentas semi-nuas também, até à mulher a vender pensos rápidos a pedir água tivemos direito. “Muito riso, pouco siso”, pensei para comigo. Claro que tive sempre que dar aquelas gargalhadas falsas, para parecer que estava a gostar, mas era uma tortura autêntica! Quem me conhece bem, bem sabe que eu sou uma hipócrita!
Por fim juntou-se mais uma doidivanas ao grupo, que não tem alcunha, por isso vou-me calar, mas mais novidades rolaram: jantares super chiques, filmagens não divulgadas que foram uma autêntica punhalada nas minhas costas, trabalho de publicidade, sessões de estudo com malucos no meio e o meu roçar de cu pela parede (só tinha esta novidade, tenho culpa?).
Por fim, levantaram-se as peidas de Porcotte e Shoo, e lá foram elas comprar uns pastéis de nata duma pessoa ficar toda molhada e se vir. Foi o auge do meu dia... Sim, os pastéis de nata...
Despedidas, adeuzes, boleia de volta (ia morrendo outra vez) e toca a voltar para casa.
Chegando a casa, retiro os pastéis e nata e dou-me conta que estavam todos esborrachados porque a bela de je decidiu pô-los dentro da mala e apoiar-se nela quando sentada no metro... “Nem a merda dos pasteis se salvaram deste dia miserável! Só mesmo a ti, minha desgraçada é que te acontecem destas!”
OBRIGADA PELO ALMOÇO! CAGUEI-ME A RIR! (Ainda não tirei as cuecas, mas realmente já cheira mal...)
sexta-feira, julho 14, 2006
Estava eu no bus para casa, quando ouço atrás de mim uma senhora a falar ao telemóvel, num timbre não muito adequado à falta de insonorização do bus:
Senhora: "Então? Já estás assado??"
Do outro lado: "..."
Senhora: "Estava a perguntar se já estás assado??"
Do outro lado: "..."
Senhora: "AHAHHAHAHAHHAHAHAH"
Eu só pensava: e ela, estaria assada? Pá, não há nada como Halibut...
Eu sei que está calor, mas daí a assar, vai um grande passo.
Um beijo é para ser terno, apaixonado, arrebatador. É para ser saboreado, provado, cheirado. Com carinho, vontade, prazer, luxúria. O que quiserem. É sobretudo para ser sentido, para dar prazer.
O que eu não entendo são aqueles gajos que beijam como se nos estivessem a fazer uma endoscopia estomacal. Como se nos estivessem a limpar os dentes e a boca com uma broca de dentista. Odeio quando enfiam a língua pela laringe, faringe e tudo o mais, como se não houvesse amanhã, quase sufocando a pobre moça que tenta retribuir o beijo mas nem consegue: apenas se quer manter viva e a respirar.
E nem me façam começar a falar daqueles que abrem tanto a boca, que quase lhes vejo a cueca. Parecem ventosas sanguessugas que se nos colam à boca e molham-nos e lambuzam todas desde o nariz até ao queixo... Onde irremediavelmente se torna necessário uma limpadela com a manga da camisa depois do beijo acabar.
Compreendo que por vezes com o desejo latejante, a vontade seja tanta que haja um certo descontrole, mas há limites, porque se falha no beijo, meu Deus, nem quero pensar no resto...
Ela: “Vá lá, então?”
Ele: “Mas... Já está! Já fiz! Não sentiste nada? Já estou despachado!”
Ela: “Ahhhhhhh... Ok ‘mori... Assim não vamos lá não...”
Só vos peço isto, em nome das raparigas que pensam como eu: vão com ternura, com paixão. Mas sobretudo, vão com calma.
Não estou a falar só de amores. Mas sim de um dia a dia interessante, rico, emotivo, carregado aliás de emoções. Sentir-me útil, sentir que estou à aprender, sentir que estou a evoluir. Sentir.
E o reconhecimento. Deles todos. Dele, e do prémio, que apesar de ser físico, já só as palavras me comoveram o suficiente.
Acho que esta será uma noite que nunca mais me vou esquecer. “Estou-me a sentir nostálgica” disse uma minha amiga à volta para casa, e é tão isso. Uma nostalgia boa.
Estou tão feliz. E a felicidade assusta-me tanto, mas apesar de não poder deixar de achar que é efémera, neste momento não quero sequer pensar nisso sequer.
quinta-feira, julho 13, 2006
Dica 1: Deitar tarde, e levantar tarde. Afinal está um calor abrasador lá fora... Há que estar a dormir nas horas mais frescas... Senão: suícidio! (Odeio calor). E se mais alguém diz que "Portugal é um país de clima temperado", juro por todos os santinhos que lhe vou aos cornos.
Dica 2: mal me levanto, a primeira coisa que faço é ligar o computador. Vida triste? Não... Vida de roçar o cu pelas paredes. Andar nos mails, nos blogs, no MSN... Não é ir mijar... Não é ir cagar. Não é ir lavar os dentes... Não é ir comer... É ligar o computador...
Dica 3: chega a hora do almoço. Cozinhar? Não, está muito calor. Ir à rua? Não, está muito calor. Ir ao frigorífico? Não, está muito calor. Pronto, Ok, mas... Não tem nada... Que se lixe. Uma fatia de melancia e fica o almoço feito. Mas lembrar de não beber vinho com a melancia, que faz mal (é o que dizem, eu acredito). Logo eu que sou uma esponja.
Dica 4: voltar para o computador... Mas às tantas cansa... Cansa este roçar de cu pelas paredes.
Dica 5: Mergulhar então no sofá... Ligar TV... Eh pá fixe, está a dar os Morangos com Açúcar! Aquilo sim são artistas! Qual Ana Malhoa qual quê! Aquilo sim são problemas da juventude: construir um hotel... Aparecerem casas de herança, do nada... Pá muit'á frente. E adoro ainda mais, que todos têm dinheiro para fazerem e comprarem o que querem MAS só alguns trabalham no bar, o que deve dar uma pipa de massa. E remodelaram uma casa inteira com O INTERIOR TODO INCLUÍDO num fim-de-semana... Pá...
Dica 6: Não ver mais a merda dos Morangos com Açucar que dão cabo da minha paciência. Odeio aqueles gajos! Mas odeio mesmo aquela merda.
Dica 7: voltar ao computador... Mas... não está ninguém... Ok, sair do computador.
Dica 8: ler um livro. Ou melhor, acabar o Malinche da Laura Esquível. É tão bom nesta fase da vida ler romances apaixonantes e trágicos... De amor escaldante e desilusão desmedida... Acho que me vou ficar pelos Morangos...
Dica 9: levar o cão à rua precisamente nas horas de maior calor: é uma prova de força e resistência, ser arrastada por uma besta de 45 kilos, ao sol... Pergunto-me se o levo à rua, ou se é ele que me leva a mim... E o cabrão está-se a habituar mal, que agora chega as 10 da matina e começa-me a rondar a cama para eu o levar! Mas eu não tenho mais nada que fazer? Sai daqui que quero dormir, seu morcão!
Dica 10: ir tomar banho depois de levar o quadrúpede à rua. Mal saio da porta de entrada começo logo a suar e a cheirar mal. É instantâneo. Cheiro mescla bacalhau com sovaco. É bonito de facto... É logo um enxame de gajos atrás de mim...
Dica 11: jantar com a família. Silêncio... Explodem as conversas da treta. O meu pai dá-me uns valentes caldos e sopapos e diz naquele jeito buçal dele: "Finalmentes! A 'nha filha sai ao pai a não fazer nenhum! Finalmentes dominas ai arte do num fazer nenhume!". A minha mãe desata a berrar porque eu devia comer mais, que estou muito magra, embora já tenha ultrapasaado os 110 kilos. O meu cão lambe os pratos e ninguém vê, só eu. O piriquito suicida-se dentro do bebedouro: já lhes perdi a conta... O meu hamster enfia cotão pelos ouvidos a guincha por misericórdia... E a mosca na varanda bate ontra o vidro porque quer sair desesperadamente.
Dica 12: vegetar wherever! Televisão, cama, computador... Longe da família e dos animais.
Dica 13: ir dormir ao som de música, depois de fazer xixi, lavar os dentes, espremer borbulhas, tirar pêlos inconvenientes e cortar as unhas. Mas... é melhor fazer mais uma visitinha à banheiro, ou pelo menos ao bidé, que aquela actividade toda de não fazer nenhum pôs-me outra vez com maus cheiros... Maldito verão!
quarta-feira, julho 12, 2006
terça-feira, julho 11, 2006
"Um pedaço de arte que me ia fazendo vomitar a pizza de atum do LIDL que tinha acabado de emborcar. Ana Malhoa: nunca mudes!" B.A.B.E
"Predadora e vítima ao mesmo tempo... Pá... Isto é arte... É arte. Arte subliminar. Tudo muito bem pensado. Isto é que são artistas" Porcotte Pink
Leiam ISTO Faxabôr!
segunda-feira, julho 10, 2006
Sou a pior mãe do mundo... Porcotte, o nosso filhote ficou aqui ao abandono, tens razão. Perdão!!! Desculpas? Até tinha... aliás, até tenho: uma semana de paixão.
Paixão? Ah... não, não é mesmo nesse sentido, é mais irónico. Ok, vamos por partes:
Acabar o curso. Parecia coisa fácil: uma frequência (para quem teve já 10 no espaço de duas semanas), parecia muito acessível. Ah e tal, estudo, faço exercícios, media é na boa... as coisas NUNCA são tão simples como parecem no meu dia a dia, porquê que sismo que sou normal?? Merda de estuda, fim de semana estragado, ódio ao ver mil definições que espero nunca mais pegar na minha vida. Enfim, o caos total. Lá fizemos a frequência, e até tive mais sorte do costume (vá, até nem sou assim azarada como sismo que sou): professor porreiro a vigiar, consulta da colega do lado (aquela gaja chata, deslarga-me melga), consulta de folhas, consulta da pessoa do lado oposto, esquerdo, frente, trás... enfim, a ramboia na sala da frequência!
Começar o estágio. Parecia coisa difícil, e ainda não percebi bem, mas acho que é o sítio perfeito para começar... e quem sabe ficar. Bom, perfeição, já jurei a mim mesma que não existia... mas... Pessoas espectaculares. Bom acolhimento do pessoal, bom local de trabalho e boa zona, bom director criativo (...interpretem isto como quiserem...) com uma cabeça que adoraria explorar o dia todo (pick your brain!)... colegas impecáveis... pfff comichosa como sou, já estou à busca de defeitos, porque nada pode ser tão ideal. Se calhar: medo de não estar à altura? Quem não teve destas?... É viver dia a dia, e ver no que dá... já cá chegar, foi a maior satisfação.
Apresentar um spot, entre 86, à frente da agência... e justificá-la (acho que esta fala por si...). Agora imaginem terem escolhido um spot que pelos vistos é confuso, tem muito defeito em que pegar, e no meio disto ser a primeira a apresentar (mea culpa eu sei), ser como sou (nervosa até às cuecas), ter o big boss (cabeção) a picar... pfff... salve-se quem pode. Hoje escolhia ainda o mesmo spot... a verdade é essa. Acho que o defeito é de fabrico...
Fazer spots da Mimosa... ui... MUPIS da Mimosa... e agora acrescentem aqui a mais valia do raio do leite para as mulheres (maduras) na menopausa. Aceitam-se sugestões... é que, aqui a dupla maravilha anda às aranhas..............
Fazer filme para Multimédia, ou seja: o verdadeiro projecto final de curso.
Foi. O. Texas. Mas foi lindo. Mega trabalheira. Mega produção. Mega pessoas impecáveis a serem filmadas como era suposto. Chego Segunda mais cansada que Sexta à noite, mas com um gosto bom... obrigada a quem me ajudou (taradonas roliças incluídas no pacote...aliás... fazem mesmo parte do pacote). Disse coisas bonitas como “vá, agora abre-lhe a camisa e beija-lhe o pescoço” e “sim, e agora vais assim para cima, como quem está a empurrá-la”... bom, mais parecia um home-made movie daqueles que por engano sacas e não te dás conta que está “contaminado”... MAS: tudo isto, e ficou de bom gosto. Actores de classe dá nisto!
No meio disto tudo, como é típico, estagiária bebé não anda pelos blogs, não põe messenger, não posta nada... daí o silêncio. Daí a ausência, meu bebé...
Ah, e não agradeci aos LINDOS posts da minha Porcotte!!!! Bom, agradeci, mas quero agradecer de novo! E a todos os que me deram os parabéns, obrigaaaaaaaaada... desculpem não ter respondido antes... adorei, obrigada mesmo!!!
E no meio do meio disto tudo, não é que vai a melhor notícia de todos os tempos: VAI AZZURRI!!!!! Eu, sempre acreditei... e tenho pessoas que o provam. Grande GRANDE Itália!!!
Ai... la vita é bella...
quarta-feira, julho 05, 2006
OBRIGADA SELECÇÃO! Pelo esforço, pela luta e por tudo!
Os AVEC's até se borraram! E só chegaram lá com o penaltie!
E Ricardo, provaste que tens tomates de leão! Um grande beijinho para ti!
Perdemos, sim, mas um dia talvez possamos todos ir visitar a casa do árbitro uruguaio na Riviera Francesa! Deve ter uma mansão estupenda lá!
Acho que isto nem necessita de comentários...
Mas a vingança serve-se fria e é doce como o mel... E é vermelha côr de sangue...
O QUE ANDAS TU A FAZER Ó MINHA VACA BADALHOCA QUE DEIXASTE A NOSSA CRIANÇA AO ABANDONO??????? Com frio, a tremer, a tremer??!! Aqui tão desprovida de posts e de comentários!
Larga lá o barco, o penne e a linguiça, e volta que estás perdoada! ; )
E PARABÉNS SUA RANHOSA! PARABÉNS POR TUDO! TUDO TUDO TUDO!
- anus (é HOJE! É HOJE!)
- curso
- estágio
- pensão de alimentos pela nossa criança
- lasanha que ainda me hás-de fazer (vaca da merda)
Estou MUUUUUUUITO orgulhosa de ti! MUITO MUITO MUITO! ***
PS: sei que no boneco está a dizer trinta MAS não estou a insinuar que estás tão velha... Afinal de contas... É para lá que caminhamos! Ai que já me estou a deprimir e a sentir velha jarreta! Dass!
segunda-feira, julho 03, 2006
domingo, julho 02, 2006
sábado, julho 01, 2006
Exame Segunda-feira.
O meu eu interno (Anjinho e Diabinho) estão conflituosos desde esta manhã.
Anjinho: Mas pensa que se estudares agora, depois chegas a Segunda e já tens tudo quase feito, é sò rever.
Diabinho: É... mas se agora por exemplo dormires uma soneca, ficas mais fresquinha, e estudas logo à noite e amanhã.
Anjinho: Não, porque amanhã tens que ajudar a tua amiga a filmar... e já sabes que logo à noite dá-te preguiça e vês filmes, falas no msn, mandas msgs e dormes!
Diabinho: E isso é mau?
Anjinho: É, porque depois chegas a Segunda e choras porque não sabes nada, e vais ao exame aflita! Queixa-te... queixa-te...
Diabinho: Eu queixo-me de qualquer maneira... por isso... mais vale...
Anjinho: No fundo só se pede releres umas coisas, fazer um ou dois exercícios. Ficas com a consciência tranquila... e safas-te no último exame da tua vida idiota!
Diabinho: Sim... mas pela lei do menor esforço, se eu não estudar muito na mesma, posso me safar também... até nem quero uma mega nota...
Anjinho: Desisto... não há argumentos para gente assim...
Diabinho: Oh... assim nem dá gozo, radio do anjinho do camandro... dass...
Anjinho: Vai “mas é” estudar, que já devias ter idade para ter juízo...
Diabinho: ...
Anjinho: Ah pois, já doi, não doi? COTA!
Diabinho: ... golpe baixo, anjinho da merda!
Acho que estou a enlouquecer (no mau sentido).
Help...?