quarta-feira, dezembro 27, 2006


Impressões do dia AFTER THE FOG... Fog...o... Ganda pincel!

Estava eu toda lampeira no comboio de volta de Glasgow, depois de me ter ido despedir da minha cara-metade (Que de vez em quando usa saias... Começo a achar que as usa mais vezes que eu...), quando recebo um telefonema dele. Pensei logo: “Ainda não foste embora e ele já está cheio de saudades! Que romântico!”
Ele: “Porcotte, não sei como te dizer isto, e não estou a gozar... Vais pensar que estou, mas não estou!”
Eu já a pensar: “Sacana, queres ver que já houve merda? Que raio é que já fizeste, meu ranhoso?”
Ele: “Olha Porcotte, a maioria dos voos para Heathrow foram cancelados...”
Eu a pensar: “Quê, mais uma ameaça terrorista? Mas esta gente não tem mais nada que fazer? Ou este gajo está a gozar com a minha cara?”
Ele: “É devido ao nevoeiro! Está muito denso e andam a cancelar os voos internos todos e alguns internacionais!”
Porcotte quase que desmaia, sobretudo porque ia voar para Heathrow no dia seguinte, por forma a vir comer o peru, o bacalhau e as morcelas à sua querida terra natal! A família é secundária. O importante mesmo é a comida!
Desato aos berros histérica no comboio: “E agora, como vou para casa? O que raio faço? ARGH! Dôr, sangue, morte!”.
Ele acalma-me, como sempre faz, e diz que quando eu chegasse a casa, que ele me dava o número da companhia e eles logo diziam o que fazer. Mas que se acontecesse o pior, tinha sempre com quem passar o Natal.
Eu já pensava: "Queres ver que vais passar o Natal a comer bolo inglês em vez das filhós e sonhos e rabanadas e... e... (baba...)?"
O resto do caminho vou a amaldiçoar tudo e todos e à maldita hora que comprei bilhete para dia 21 de Dezembro, e à maldita hora em que existe Natal, e à maldita hora em que nasci. Maldita!
Chego a casa, depois de telefonar para casa e pôr a família toda em pulvurosa, e lá telefono para a companhia. A senhora era mesmo amorosa e muito prestável e lá consigo um voo às 7.30 da manhã para Londres. O voo para Lisboa era às 3.30 da tarde. "Porra, vais apanhar uma linda seca no aeroporto, minha besta. É para não seres parva!"

No dia seguinte, depois de ter dormido muito bem (tom de sarcasmo), levanto-me às 4.30 da manhã, apanho um táxi às 5.30 da manhã e chego ao aeroporto às 5.50 da manhã. Faço o check in depois de alguma confusão e espera, e vou esperar sentada pelo meu voo. Ás 7.30 da manhã ouço a última chamada do voo das 6.30 da manhã para Londres (os voos não estavam atrasados nem nada...) e de repente ouço o meu nome...
“ULTIMA CHAMADA DA BRITISH AIRWAYS PARA LONDRES HEATHROW. Passageiros x, y, e Porcotte Pink é o favor dirigirem-se ao gate 11”.
Porcotte acha que ouviu mal... “MAS então...? Este não é o meu voo!”. Dirijo-me para a porta 11, pergunto que raio se passa e informam-me que mudaram o meu voo para o das 6.30 (na realidade ja eram 7.30... Confused? Eu também ainda estou um bocado....), sem me avisarem de nada. Entro a correr no avião, histérica e descontrolada já com tanta mudança e confusão. Outros não tiveram a mesma sorte que eu de ouvir o anúncio e ficaram em terra... No caminho servem um pequeno almoço todo catita: ovos, bacon, salsicha, tomate, cogumelos e sumo de laranja! Um festim. Eu que não estava agoniada dos nervos nem nada, soube-me que nem ginjas...

Porcotte chega a Heathrow... Um nevoeiro mais denso que eu sei lá o quê. Só vi a pista quando saí do avião e meti os pés em terra... Não se via a ponta dum corno!
Nunca na minha vida vi uma confusão tão grande num terminal. Milhares de pessoas, descontroladas, aos berros, aos insultos. Deve ter havido porrada pela certa às tantas, ou o meu nome não é Porcotte Pink.
Porcotte acagaçada, com medo de que o voo dela para Lisboa fosse entretanto cancelado, porque por sorte, ainda não tinha sido, mete-se na bicha da BA. Era assim uma bicha piquena... Assim de uns poucos milhares de pessoas... À sua frente estava um casal de italianos que tinham tido o voo da véspera cancelado e estavam furiosos porque ninguém lhes dizia nada. Imaginem: dois italianos e irritados... Não é bonito de se ver... Ainda bem que o pai de Shoo me ensinou uns quantos palavrões em italiano, que foi da maneira que percebi a conversa quase toda.
Passa uma gaja da BA por mim e eu chamo-a e explico a minha situação: “Pá e tal, o meu voo não foi cancelado e tal, pelo menos ainda, acho eu, nem sei, o que raio faço? Fico nesta bicha?”
“Esta bicha é só para quem tem os voos cancelados, tem é que ir para uma tenda que está lá fora e esperar. Quando tivermos informações sobre o voo, damos”.
“Então mas quer dizer, se o meu voo for cancelado entretanto tenho que voltar para esta bicha, certo?”
“Sim...”
“Ahhhhh... Muito bom...”
Silêncio desconfortável... Porcotte vai para a tenda, ainda mais irritada, se é que isso era possível.
Uma tenda branca. Enorme. Gelada. Com cadeiras de plástico. Mantas. Pessoas tristes. Desanimadas. Com caras de enterro: porque será?
Porcotte ocupa uma cadeira. Vai depois buscar um chá e uns biscoitos que estavam a dar para ver se aquecia. Volta para a cadeira. Depois de 5 segundos sentada, começa a morrer de frio e enrola-se numa manta. Mais pessoas se sentam ao pé dela. Começam as conversas, troca de impressões e ideias. Experiências vividas ali. Enfim, o costume! Desgraçados sozinhos como eu eram aos molhos!
Ás tantas telefonam a Porcotte. Era seu pai: “Então? Como estás? O Visque, não se partiu, não?”
Uma família de americanos chega-se ao pé de Porcotte e pedem o telemóvel para telefonar para a agência na Suiça, e que obviamente pagavam o telefonema. Porcotte dá o telemóvel com pena, e eles em troca queriam dar 20 euros. Porcotte não quer aceitar, e diz que não, que é muito dinheiro, mas eles metem o dinheiro no colo de Porcotte, dizem: “É Natal!”e vão-se embora.
Porcotte espera durante quase 6 horas naquela tenda gelada. Entretanto aparece uma velha vestida de Mãe Natal com outro, vestido de Boneco de Neve, e começam a distribuir chocolates. "É que isto compensa tudo!", pensa Porcotte.
Entretanto Porcotte aflitinha para uma mijinha, pede para lhe guardarem as coisas e vai ao WC improvisado numa roulotte ao lado da tenda. Se sonhassem como estava quentinho o raio do wc... A minha vontade foi de não sair dali nunca mais! Sentar na sanita durante o restante tempo, e ficar quentinha... Quentinha... Quem quisesse a casa de banho que se lixasse!
Finalmente o seu voo é chamado para check in. Porcotte nem acredita na sua sorte. Levanta-se, despede-se das pessoas, deseja bom Natal e boa sorte, dentro do possível.
Demora 30 minutos e chegar ao check in, com a confusão de gente e de malas dentro do terminal, e finalmente chega ao balcão. A besta do homem fica a olhar para o passaporte e confirma não sei o quê durante horas. Porcotte vira-se: "Não me diga que há algum problema?". O sacana do homem olha de lado e diz que não, e pergunta que lugar é que quero. Porcotte responde que quer qualquer um, só quer é sair dali duma vez!
Á entrada do avião, vê montes de portugueses com sacos dos Harrods, a armarem-se ao fino. Neste país é muito fashion ir a Londres fazer compras. Nessa altura agradeci a todos os deuses a confusão que se gerou para aquela parolada toda que em vez de ficar em casa perto do Natal, vão fazer compras ao estrangeiro! Mas afinal a crise está aonde? No cu da galinha da minha vizinha?
Porcotte espera mais uma hora pelo avião, que finalmente é chamado. Ainda esperam uma hora dentro do avião, e finalmente levantam voo. Porcotte tenta dormir mas o raio da mulher ao lado dela dava-lhe cotoveladas de cinco em cinco minutos, impossibilitando qualquer dormida. Porcotte estava cansada demais para refilar... Ja não dava mais.
Lisboa à vista.
Luzinhas amarelas, cheiro a bacalhau.
Porcotte aterra, sai, espera eternidades pelas malas, sai e finalmente vê duas caras conhecidas com um sorriso de orelha a orelha, à espera dela.
Finalmente estou em casa!
E ainda ganhei 20 euros!

segunda-feira, dezembro 25, 2006



Hoje passei por um autocarro, e quando me virei, dei cara a cara com o Daniel Craig... Podia ter sido um momento memorável da minha vida (se a minha vida fosse um filme) mas não. Era apenas a publicidade do filme (como era de esperar).

Ainda não fui ver, e não sei bem porquê... ah sei, porque estava a boicotar o James Bond loiro. Não era de esperar outra coisa. Mas... damn, e não é que vi o vídeo do Cornell, e naquelas pequenas sequencias de imagem, o raio do filme nem parece mau de todo? Não querendo basear-me num mero vídeo musical, e não querendo julgar antes de ter visto, acho que vou ter de ir ao cinema e esclarecer este meu conflito interno com o raio do segundo gajo loiro...

“Diz que” é bom, vou ter de me certificar... the old fashion way.
(No teste, sou uma daquelas que respondeu Goldfinger. Já agora, peço desculpa mas a opção Casino Royale e a opção não vi, não quero ver e não quero saber não cabiam porque o Poll só pode ter 20 respostas!)

Contas feitas, este Natal tive:

11
sms
+ 6 emails
+ 3 chats por messenger
+ 1 telefonema
+ 1 visita
_____________________

= muito menos do ano passado, já é um progresso.


Escusado seja dizer que respondi a zero. Perdoem-me mas... sabem que gosto muito de vocês, não é por enviar um sms igual às 180 pessoas da minha lista, ou passar a noite a imaginar umas maravilhosas novas piadas para ser original, que mostro que gosto mais de vocês. Sabem quem são, e se me conhecem, sabem que não ligo a isto. Sem remorsos, boa?

Quanto ao milagre de Natal de que todos falam sempre, suponho que este ano seja que tentaram assaltar uma casa do prédio, mas não conseguiram, e sobretudo o que é muito bom... é que não foi a minha. Já só por isso, estou muito agradecida.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

__________________________all is full of love

Hoje é dia 22 de Dezembro.
Para os desvairados: hoje é o Solstício do Inverno (a partir de hoje os dias são mais compridos yeeeeeesssss). Para os mais desnorteados ainda (shame on you) é o Global Orgasm Day eheheh E isto sim merece a nossa atenção!

Infelizmente aqui as duas companheiras do blog (a Miss Porcotte, e a Miss Shoo), neste glorioso dia, estão a pão e água. O motivo? Milhas e milhas de distância dos queriduxos.


Senhoras e Senhores, admitimos que por motivos que nos ultrapassam, cumprir a missão de hoje vai ser deveras complicado. Porém, somos mulheres corajosas, inventivas e de M grande. Os tempos mudaram (the times they are a-changing) e como diz a Porca: temos a intermete (perdão... internet), e temos tofónes... e dispositivos que poderão contribuir à boa causa (chuveiros, play-thingies, mi-su etc...) portanto decidimos não desistir da causa.

Assim sendo, apelamos a que tu (sim tu) que estás aí a ler isto, te mexas... é por uma boa causa, pensa assim: qual o outro dia em que o podes fazer, sem teres uma desculpa tão boa e válida como esta? Ah pois é! Friction Friction Friction! ‘Bora lá, toca ser felizes pessoal...






Porcotte is home!
Vá, agora saca lá das prendas, que é isso que me interessa! Olha não...
Vaca da gaja...

terça-feira, dezembro 19, 2006


"Les hommes qui s'en sortent le mieux avec les femmes sont ceux-là mêmes qui savent comment s'en sortir sans elles."




Um grande génio.
E um grande sábio.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Horóscopo de hoje:

A sua vida romântica pode melhorar imenso nos próximos dias e até nos próximos anos. Tudo é possível, mesmo o improvável.


Yeah baby!!!


(alguém me explica como é que um ser tão racional e lógico como eu, consegue ainda acreditar nestas coisas eheheh...)

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Comments falharam. Portanto a Shoo, desesperada, recorreu ao email... que não chegou.
Sendo assim, vai um post (e peço desculpa se é comprido, mas era para ser email e não post!):
________________________________________________________

Caríssima Maria Vinagre, aka: Companheira Anti-Natalícia.

O teu comment-coiso do blog... é uma MERDA.
Perdi 4 comentários à pala dele. Como vingança, decidi ir pelo meio mais simples. O email que tinhas no perfil. Olha não! Ia parar assim... desistir? Isso é que era bom! Enfim, vamos lá...

Ver um post dedicado a mim... quase que me vieram as lágrimas aos olhos (sou uma mole... e sou mole também, mas estou a trata disso!). As lágrimas foram rapidamente substituídas por lágrimas de risos! CA-GUEI-ME A RIR.
Por onde começar? A OVELHA obviamente... como é possível tu criticares tanto o bicho que ficou uma DELÍCIA?!?!?!? Para já, o toque do algodão ficou perfeito... bem melhor que a ideia original, desculpa lá... e depois está fooooooooofa, um amor, e não é nada natalícia (a meu ver) por isso olha, fiquei apaixonada pela mêmê... tanto é que a minha vontade é pedir-te uma para mim (só para mim mesmo assim só mesmo para mim tázáver?), mas PRETA eheheheh pois é... também sou dessas Maria! Ovelha negra e com orgulho!!!

Quanto à árvore e as aventuras ao fazê-la... bom... vamos lá ver se te consigo pôr na minha perspectiva:

Imagina-te (tal como eu) a cogitar uma árvore de natal inexistente na sala. Ou seja: imagina a sala vazia. Os meus ricos pais aparecem um dia com um pinheiro verdadeiro do AKI e dizem assim “oh (este oh é sempre muito importante), é que disseram que depois podemos levá-lo e voltar a plantá-lo! E depois é o cheiro do verdadeiro natal!” e eu a pensar... o cheiro do verdadeiro natal deve ser a estrume meus amigos, que o menino Jesus nasceu nos estábulos pelo que é representado em todos os presépios, em todas as lojas do Mundo. Mas tud’o’bem! Viro-me e digo algo muito simpático como “ok”, e fujo pouco discretamente para o meu quarto.

Depois de 5 minutos chega a minha mãe com um ar desolado e diz “Não vens ajudar?” e eu mais uma vez, muito simpaticamente respondo “Mas era suposto?”. Damn que já sabia que isto ia acontecer. Pelos vistos a decisão dos dois companheiros tinha sido uma árvore toda cinzenta, ou melhor toda PRATEADA (cof cof), para simbolizar neve e tal e tal... ok, decorações bonitas, pinheiro a cheirar bem. Mas pôr-me a fazer a árvore que eu NÃO queria, com picos daqueles... fónix, qual acupunctura qual quê! Curei os meus males todos menos stress com aquelas picadas todas!!!
No final, e depois de inúmeros palavrões e risadas porque foi cómico ver o meu pai a elaborar maneiras das bolas (sem fios) segurarem com nylon... olhei para a árvore, e coitadinha... Apesar do cheiro a resina, e da resina residual nas minhas mãos, o cenário era desolante. Uma árvore rechonchuda na base, e fininha no topo. Uma estrela a cair na ponta de tão pesada que era, e que todos disfarçamos não ver (todos menos eu, entenda-se), e uma miséria de luzes amareladas que quase nem piscavam de tão gastas que estavam (e não sei porquê, porque não é suposto acontecer isso mas enfim). DE-SO-LAN-TE. “Gostas?” resposta minha: “Eu teria feito um cacto com bolas pretas...

(ainda tás acordada Maria? vê lá se precisas de mais um café, prometo que falta pouco...)


O dia seguinte, à noite, lá acenderam a árvore. E o dia seguinte. E o outro.
Passam os dias e a ponta do raio da árvore está cada vez com um ângulo mais agudo. E eu cada dia ficava com mais um pouco de ódio à maldita árvore. Os meus pais convencidíssimos ainda da bela aquisição. O meu irmão então, fazia os meus mesmo comentários, com um tom de voz mais assustador “Bolas pretas é que era”. Desolados os meus pais olhavam um para o outro em busca de conforto mútuo... mas... nem eles sabiam o que ia acontecer dias mais tarde.

Dias mais tarde (oh... não posso!), chego à sala pelas 22h30 da noite e vejo caixas por tudo quanto é lado. Entro e vejo o meu pai com a nossa mega árvore fictícia, bem verdinha, nas mãos a desdobrar os ramos. Do outro lado da sala, a minha mãe cortava os pedaços de nylon que dias atrás o meu pai tinha minuciosamente ajustado para o raio das bolas prateadas, enquanto proferia um palavrão por picada... o verdadeiro espírito natalício tinha chegado a aquela sala. Não tive dúvidas.
Então?” digo eu com o meu ar angelical. “Vamos fazer uma árvore como deve ser, em vez daquela merda...” diz o meu pai com um ar completamente ilariante. Caguei-me a rir como é óbvio “Então mas não gostavam da árvorezeinha?” e o meu pai vira-se “Eu só de olhar para aquele bicho até me deprimia! O natal é com cores, e bolas diferentes a brilhar e luzes e uma árvore cheia... não quero saber!”.
Só me ria eu... dizer “told you so” era demasiado fácil, de bandeja. Mas mal sabia eu o que ia acontecer...
Shoo, não ajudas?

...

Shoo PETRIFICADA.

O quê? Não me estão a dizer que este ano, logo este ano que estou a odiar mais ainda o Natal, vocês vão me obrigar a fazer DUAS árvores????

Escusado seja dizer que este mail existe porque TIVE DE FAZER O RAIO DA ÁRVORE DO CAMANDRO! E melhor, tive de ajudar a tirar coisas do pinheiro (que tenho a dizer que está muito bem, e gordo e roliço na varanda a curtir o fresquinho destes dias, e deixou de se sentir totalmente gayzola desde que lhe tiramos aquela prata toda de cima), mais uma dose de acupunctura.

Maria... DUAS árvores Maria! DUAS! Diz-me... tu que me entendes, que mal fiz eu? E nem uma bola preta!!! “Ah não havia.” foi a desculpa... E eu já lhe tinha dito que o Headache tinha encontrado um sítio onde as vendiam. Damn.

No meio disto tudo... os meus dias no emprego têm-se finalizado assim: Shoo ouve uma melodia no ar. Levanta o nariz, e cheira como os ratinhos quando saem e vêm se há perigo. HÁ PERIGO! Melodias de Natal... MARIA... MELODIAS DE NATAL MARIA! Hoje tive uma vasta selecção que ia desde White Christmas (pelo próprio Bing Crosby, o mais deprimente de todos) até a Adeste Fidelis. QUERIA CHORAR!!! Depois de inúmeros “Por amor de Deus mudem!!!” e tudo a rir, peguei nos phones e pus Reggae para me pôr bem disposta. É inútil dizer que pouco resultou. O mal já estava feito.

Mariazinha, é um complôt... é isto que tenho a te dizer.
Acho que o mundo inteiro anda a ler os nossos blogs, e decidiram fazer-nos a vida negra (antes fosse, a vida vermelha, verde, dourada e com berloques é o que é!!!) com vinganças destas!!!

Obrigada pelo teu post, e continuo a treinar para ir lá dar cabo do raio da mega árvore. Não desisti, e já vi que tu também estás com espírito certo!

Beijinhos enormes! E vê lá se vês isso dos comentários... suspeito que seja mais um complôt ANTI-anti-natalício do pessoal do blog. Vendidos do camandro!

shoo


________________________________________________________

E este foi o mail que FALHOU.
Agora o post a ver se não falha... irra!!!
(A côr é bordeaux, não é vermelho... portanto não te estou a mandar... 'cebeste?)

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Como se fosse ontem...

Há dias estava a tentar lembrar-me quando foi a primeira vez que falei realmente contigo, pensando já em ti de modo diferente.

Dia 2 de Janeiro de 2006.
Lembro-me como se fosse ontem.

Tinha recebido um email engraçado em italiano, e o meu Pai na brincadeira disse para te enviar, que terias achado piada de certeza. A ideia aliciou-me de imediato, nem eu sei bem porquê.

Bom, mentira.
Sei.

Porque desde que te tinha visto no aeroporto aquele dia, em que o meu Pai sugeriu ir com ele, havia algo que tinha feito uma espécie de click.
Algo na maneira como te mexias, ou algo na tua voz.
Se calhar no teu olhar. Ou num primeiro toque. Das mãos. Dos lábios à cara. Algo de imediato. O quê em específico não te sei dizer. O que sei, é que mexeu. Instantaneamente.

Respondeste a aquele email com uma imediata perspicácia num tom humorístico. Hoje, sei ser algo tipicamente teu. Irresistível na altura. Irresistível hoje quando a relembro.
Gostaria de saber o que tu sentiste ou pensaste quando o recebeste. Um dia se me lembrar pergunto-te, por mera curiosidade.

Lembro-me que depois disso, vimo-nos umas vezes.
Umas boleias pedidas ao meu Pai, e fortuitamente estavas também no carro. Umas tuas vindas à casa para trabalho. Poucas ocasiões, em grandes espaços de tempo... e no entanto, lembro-me delas todas.

No meio disto tudo, não te sei explicar... Houve sempre algo em mim que achou que iria acontecer qualquer coisa.

Um dia soube que vinhas de novo a Lisboa. Secretamente, dentro da minha cabeça, comecei a recriar cenários de quando e como te poderia ver. Um pouco por brincadeira, um pouco por desejo. Lembro-me como se fosse ontem quando o meu telemóvel tocou na Grafe, e fugi para o corredor para ouvir o telefonema “...Espera que o M. quer falar contigo, ok?”.
O nervosismo de ouvir-lhe a voz não era normal. Apercebi-me logo.
O nervosismo de não conseguir ouvir bem, por falta de sinal, e vergonha de pedir para repetir.
No meio de momentos de quebra de rede, de risos nervosos e de pensamentos já por si loucos, sei que aceitei algo como uma ida ao bar ou jantar à noite. A desculpa foi: um projecto de logótipo para uma nova empresa.

Quando desliguei o telemóvel, a cabeça continuou. O sorriso nasceu nos lábios e senti aquela moinha na barriga do primeiro encontro. Acalmei a cabeça pensando que era somente trabalho, nada mais. Pensei também que tinha provavelmente percebido mal, que era só uma bebida e uma conversa e mais nada.

Mas não foi.

E foi lindo.

O nervosismo que aos poucos se foi. O meu, e o teu também.
A vontade que a noite não acabasse porque não conseguia deixar de te ouvir falar. A tua vontade que a noite não acabasse, não sei porquê.
O entusiasmo da tua voz, do rodar dos teus olhos. Da curiosidade que tinhas, e da minha também. Apercebi-me nessa noite, que quem tinha à frente era alguém tão especial e deslumbrante, como o tinha imaginado todas aquelas vezes na minha cabeça. Não era fantasia, era realidade. Uma realidade deliciosa e inebriante.

Ainda hoje tenho incertezas acerca de quem provocou isto tudo.
A minha mente, o teu pedido, o meu entusiasmo... o teu entusiasmo, a minha paixão?
Não sei. Isso não sei.
A verdade é que nem preciso de saber. Há coisas que não se explicam.

O que quero, e tenho de me lembrar, é que do nada, algo mágico nasceu. Algo que senti antes do tempo. Algo que foi inexplicável.
Quando as coisas não estão bem na minha cabeça, é disso que me quero lembrar. Porque isso tudo, já por si, me fez feliz até hoje. E é disto que a minha alma precisa, e se deve alimentar...


... diariamente.

quarta-feira, dezembro 13, 2006


Diário de uma Calimera: EU.


Pequena rubrica muito útil e interessante sobre tudo o que tenho, em vários episódios – Essencialmente, para me relembrar que afinal: acho que não tenho nada, mas tenho tenho tudo.


Episódio 3


Tenho um Emprego.
Saio de casa, ando 2 minutos e chego lá. É uma chatice nascer de cú virado para a lua realmente...
Posso fazer diariamente aquilo que mais gosto: escrever. Escrevo bem ou escrevo mal, escrevo muito ou escrevo pouco. Se escrever mal e pouco sou posta no olho da rua, como é óbvio. Por enquanto o teste é de 3 meses. Como sou uma sortuda calhou logo nos meses melhores: Dezembro cheio de feriados, Janeiro completo e Fevereiro que é o mais curto. Oh... que... chatice eheheh
É uma agência pequena e boa, cheia de trabalho e bom humor. Ouvimos Barry White à noite, Wham à tarde, e no outro dia foi Jazz pela manhã. Isto tudo é variável como é óbvio, mal seria. Coisas estáticas aborrecem-me.
Já fiz 4 trabalhos “finais”. Já apresentei timidamente várias ideias. Já ouvi conselhos e críticas e, venha daí mais!
Hoje, começo o “bónus” ginásio (de borla)... que fica a 5 minutos de casa. Ai que a vida é dura, acho que vou ter que fazer um banho turco só para relaxar de tanto stress acumulado... Que chatice não é?...


Tenho Saúde.
Um atestado médico da Drª. Almasqué diz que estou apta para fazer desporto. O que eu sei é que hoje não paro de espirrar porque vesti uma camisola que esteve o verão numa gaveta, e o pó está-me a fazer alergia. Acho que no próximo espirro vai me sair o pulmão pelo nariz (bela imagem esta, não por nada que sou copy... pérolas meus amigos!).
Respiro bem. Não fumo, sem ser o fumo secundário das pessoas à minha volta. Portanto tenho todos os inconvenientes e nenhum dos benefícios, bem bom. O resto, é fumo ocasional e não é para aqui chamado... até porque esse só faz é bem eheheh
Não preciso de óculos, próteses e coisas do género. O meu joelho meio escangalhado já foi ao sítio, e agora uso-o como aqueles galos de Barcelos que mudam de cor – para prever o tempo.
Ando, salto, corro e faço todo tipo de desporto, verticalmente e horizontalmente, sem problema algum... e apesar do frio do camandro ultimamente, ainda não me constipei este ano (é já amanhã). Saudinha é que é preciso, e eu tenho muita! Que chatice, não é?...



Tenho Cabeça.
Oh... não posso! Jura? Nah... calma, “ter cabeça” no meu dicionário significa: inteligência razoavelmente acima da de um arbusto, juízo em lidar com situações que se apresentam no dia-a-dia, bom método de raciocínio, abertura mental... Não se trata somente de ter um conjunto de matéria cinzenta no espacinho vácuo da minha cabeça.
A questão é: os neurónios estão lá. Eles por vezes estão é em greve, isso sim. Vão tomar café e demoram dias a voltar. Ou vão de férias e decidem tirar mais uns dias. Apanham grandes bebedeiras e mocas e então ficam de ressaca manhãs inteiras. Portanto, resumindo e concluindo, o meu rendimento depende não de mim, mas do humor e lifestyle dos bichinhos...
Suponho que no final do dia, no geral, sou uma moçoila que tem algum juízo, boa ponderação das situações, e não me meto em coisas que não devia sem antes avaliar bem as situações. O que não é assim muito comum, pelo que vejo. Sou bastante rápida a aprender coisas novas, e quando aprendo não as esqueço... que pode ser muito bom e útil. Ah e tenho uma memoria de elefante para tudo o que são inutilidades. Caras de desconhecidos no metro, autocarro e na rua, posição de objectos em casa e nas lojas, e claro, todas as conversas em pormenor... mas acreditem, isto sim acaba por ser uma grande chatice...

segunda-feira, dezembro 11, 2006

É que já estou mesmo a ver...
AVISO: qualquer semelhança, bla bla bla... Tenho mais que fazer, bla bla bla... (bla bla bla...)

“Então este ano quem é que vai buscar a velha?”, pergunta o meu pai.
“Ai pá, que seca, não me apetece nada! Não tenho pachorra, depois com todas as merdas que ela me vai impingir, que a minha vontade é pô-las logo no lixo!”, responde a minha mãe.
“A minha vontade é metê-la a ela no lixo. Bem, eu já sei que vou como apêndice, por isso decidam-se duma vez, para acabar com esta agonia de morte, que quanto mais depressa nos despacharmos, mais depressa passa o Natal...”, digo eu.
Suspiro geral. Toda a gente pensa: “Porque raio nos submetemos a isto todos os anos?”. Ainda ninguém conseguiu responder a isto... Não sei se é uma pitada de sado-masoquismo, se é algum complexo de medo da cultura católica que nos foi impingida desde pequenos, se é pura e simplesmente para reunir a família, peixeirar e berrar, só para quebrar a rotina do dia a dia. Como se o dia a dia fosse calmo per se, mas enfim.
Lá vamos, a minha mãe e eu, com o acordo de que o meu pai a traz de volta. Claro que eu estou lá sempre, quer à ida, quer à volta. Sou uma desgraçada. Já estou habituada.
A mesma cena ocorre, como todos os anos aliás: lá traz ela trezentos sacos cheios de lixo, pesados como o c*r*lho, aos quais ela chama coisas caras e velhas. Perdão... Antigas. Mais de metade estão partidas e são horrorosas. A outra metade desfaz-se em pó no caminho para casa. A outra metade mete nojo. E com isto já lá vão três metades...
É que o incrível dos incríveis é que eu consigo descrever os natais todos desde há uns anos para cá porque eles são rigorosamente todos iguais. Não há cá imprevisibilidade. Só acontecerá quando um de nós se passar e for ao gasganete à velha. Até lá...
Ainda se discute se o tempo será linear... Pois eu tenho a prova de que é circular. No natal, na minha casa, pelo menos é. Um ciclo. Vicioso e mal-cheiroso.
Já se sabe que vai haver discussão, porque a minha mãe explode e diz que a nossa casa não é o lixo municipal, ao que a velha passa-se e diz que aquilo não é lixo nenhum. Acaba sempre em mau ambiente. Tipicamente Natalício. Ela amuada e mandar bocas e indirectas. Aliás, directas, porque subtileza nunca foi o seu forte. O seu forte é mais a lambarice e o enfardanço.
A caminho da casa onde vamos invariavelmente sofrer durante umas horas o período natalício, começa a sessão de gases. Já não há pudor nem respeito nenhum. A minha mãe e eu olhamos uma para a outra, com uma agonia de morte e desatamo-nos a rir. Se ela não tem pudor, nós também não. Rimo-nos na cara dela.
Pior ainda é quando ela adormece no sofá, a roncar com a boca aberta e a cabeça inclinada para trás, e a minha mãe se põe a tirar fotografias. Nem o flash acorda aquele morcego velho. Não há hipóteses. Também já pica o ponto nisto.


Come like a bishop: Of a man, to ejaculate in an explosive style, as one would imagine someone celibate does every now and again

sexta-feira, dezembro 08, 2006


Dangleberries: excrement adhering to the arse cress around an inefficiently wiped anus.
Arse cress: anal vegetation that doesn't get much light


O BLOG ESTÁ QUASE A FAZER UM ANO!
Um ano GLORIOSO, recheado de bons e maus posts!


Diário de uma Calimera: EU.


Pequena rubrica muito útil e interessante sobre tudo o que tenho, em vários episódios – Essencialmente, para me relembrar que afinal: acho que não tenho nada, mas tenho tenho tudo.


Episódio 2


Tenho uma Cadela.
É pesada, mas esta é mesmo. Labradores são assim (neste caso roliço... como os donos).
Ladra quando quer festas, e ladra quando quer comida. De resto se entrasse um ladrão tenho a certeza absoluta que pedia-lhe festas e deixava-lhe levar tudo desde o enxoval de casamento da minha mãe ainda hoje inutilizado, às minhas cuecas rotas.
Gosta de se esconder atrás de arbustos e comer porcarias. Gosta de cheirar o rabo do outros cães. E um dia adormeceu em cima do meu. Tentei por tudo dar um púm para ela sair de cima, mas... como era de esperar: quando se quer, onde anda o gás mostarda de que tanto preciso?
Foge de mim a sete léguas porque sabe que a vou asfixiar de mimos pegajosos (hmm is there a pattern here?), mas não deixo de o fazer, e ela não deixa de gostar de mim (e eu dela claro).


Tenho um Namorado.
Calma, namorado é forte. Tenho medo destas palavras. Vou reformular: Tenho um Pseudo-namorado... Bom vá, tenho um Gajo (aquele pontinho completamente louco que está a ajustar a vela).
É bom... e é bom. É inteligente, e quando digo inteligente, não é eufemismo, é acima-da-média-irritantemente-inteligente. É divertido. É irónico. E esta descrição, até já me enjoa a mim, quanto mais a quem o ler sem o conhecer.
É suficientemente independente para não me sufocar, e suficientemente presente para me deleitar. E a rima não foi intencionar. Já agora, um pouco mais de “presença” também dava jeito... assim só naquela, não sei... digo eu.
Gosta de beber, gosta de comer, gosta de... tudo o que gosto de fazer, ou seja tudo o que é bom. Se gosta demais ou não, não sei, mas é assim que gosto dele. Se tivesse que lhe pôr um raio de um defeito, diria que são 918 milhas que nos separam, e uma tendência para ser escorregadio quando confrontado com as minhas pirosices de menina.
Mas é gajo, é genético, e apesar disso tudo, como é óbvio... não deixo de gostar dele.



Tenho Amigos.
São poucos e bons, e é assim que se querem. Presentes quando preciso, mesmo quando longe fisicamente, fazem parte da minha vida, e são as únicas pessoas, fora da família, que deixo entrar no meu espaço. Temos fases BDs (bem dispostas), e fases MDs (mal dispostas). Inventamos termos e expressões como “krok” para quando estamos naquele estado já colado à cadeira de tão inúteis que nos sentimos e (lá está) MDs de nada fazer nada de jeito, e alcunhas para as pessoas não saberem que estamos a falar deles. Distinguem-se nomeadamente: o Velho, o Avô, o Anão, a Esticadinha, a Madeixas, o Marco-António, o Rico, o Drogado, a Mal-Disposta (diferente de a MD, aka a Porca). Rimos à frente de ecrãs de computador, ao telefone, em pessoa e por aí em jantares, bares e até nas ruas de Lisboa às tantas da manhã. O costume entre amigos... mas estes são MEUS e por isso são os melhores, e não quero cá conversas!
Já agora, gosto da maneira como vos pus a seguir ao Gajo e à cadela... mostra o amor todo que tenho por vocês (e Porca, escrevi isto ANTES de tu postares o teu comentário) não acham?
Temos altos e baixos, como todas as relações, mas quando a amizade é forte, e sincera... isso acaba por não significa nada. A realidade é que apesar de todos os vossos inúmeros defeitos, e a inexistência dos meus, não deixo de gostar de vocês, meus ranhosos mal cheirosos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

É que já estou mesmo a ver...

AVISO: qualquer semelhança, bla bla bla... Tenho mais que fazer, porra... (Tive uma reunião de 4 horas, dêem-me um desconto...)

“Oh filha, gostei tanto da tua prenda. É mesmo muito bonita e nunca vi nada assim. Deve ter sido cara!”

No dia seguinte vem a minha tia ter comigo e com a minha mãe (irmã da minha mãe) e agradece-nos a prenda que demos ao estupor.
Porque invariavelmente, anualmente, constantemente, e com uma precisão cirurgica oferece as prendas que lhe dão. Principalmente despacha-as para a minha tia.
Despacha-as no próprio dia que lhas dão. É como se as prendas cheirassem a merda e ela se quisesse ver livre delas o quanto antes.
Passámos a perguntar à minha tia o que ela quer para o Natal, e damos à outra. Acabará por ir lá parar de qualquer maneira.

quarta-feira, dezembro 06, 2006


Diário de uma Calimera: EU.


Pequena rubrica muito útil e interessante sobre tudo o que tenho, em vários episódios – Essencialmente, para me relembrar que afinal: acho que não tenho nada, mas tenho tenho tudo.


Episódio 1


Tenho uma casa.
Até tem uma varanda, que é uma coisa rara hoje em dia.
Pomos lá plantas e um banco longo para nos sentarmos ao sol, e à chuva, quando queremos.
Tem muitos quartos, uma sala e cozinha gigantes, e três casas de banho onde gosto de marcar o meu território várias vezes ao dia se possível, e se a minha dieta o permite como é óbvio.
É uma casa central, mas não temos estacionamento. Perdão, vou reformular: é uma casa central, daí nunca termos estacionamento (menos eu porque tenho um grande... muita sorte e encontro sempre lugar).
É uma casa quente no verão e fria no inverno. Uma raridade, mas é minha, é bonita... e portanto gosto dela.


Tenho dois Pais.
Ou melhor dizendo, tenho uma Mãe e um Pai.
Vivos, jovens e esbeltos, e ainda não separados. Vou reformular: e não são separados (just kidding).
Chateiam-se, e chateiam-me. Discutem, entre eles e comigo. Usam motivos que vão desde as cortinas da sala, a quem é que deixou a porta do armário aberto, a quem vai comprar o pão... e a quem é que foi o palhaço que começou a dizer que a Terra afinal era redonda?
Mas, por algum motivo que me transcende, no final da maior parte dos dias parecem velcro, daquele assim bem pegajoso. Dizem que são as maravilhas de quem se quer bem... Eu digo que tenho muita sorte em ser meia surda e dormir mesmo com canhões a disparar, isso sim.
São freaks, mas são meus... e portanto gosto deles.



Tenho um Irmão.
É pesado, mas é meu Irmão (piada seca, e de cultura musical duvidosa).
Fala pelos cotovelos (not), está o dia todo de sorriso nos lábios (not), quando abre a boca é só piadas, umas atrás das outras (not), e é burro que nem uma porta (not).
Veste-se de preto, e ocasionalmente... Não. Veste-se de preto. Ponto.
É introvertido e quando se enerva: grita (provocando inúmeros registos de terramotos cujo epicentro é a zona de Saldanha), dá pontapés a portas (deixando cavidades na madeira onde carunchos criaram uma pequena e fofinha colónia) e atira cd’s pela janela (até hoje contam-se 4 feridos graves, um médio e um pombo decapitado).
Porém, por algum motivo que me transcende (mais um), é irresistivelmente querido e deliciosamente excêntrico, e tudo isto passa ao lado.
É louco todos os dias, e a dobrar aos Domingos, mas é meu... e portanto gosto dele (como se fosse meu irmão... cof cof...).

É que já estou mesmo a ver...

AVISO: a descrição que se segue é puramente ficcional. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Ou não...


"Oh filha, este ano não há amêndoas? No meu tempo de moça, tinhamos amêndoas no Natal. Nunca tivemos problemas graças ao Salazar. Veneno era aquela Coca-Cola horrosa americana."

Silêncio na sala. Não há resposta nenhuma, como aliás nunca houve desde há uns anos para cá, sempre que se sai com esta frase. Toda a gente olha para o chão a amaldiçoar o maldito 25 de Dezembro, enquanto ela amaldiçoa o 25 de Abril.

O meu pai levanta-se a bufar com falta de paciência, e começa a ir buscar a comida da cozinha para a casa de jantar, só para não disparatar e manter a postura. Mudamo-nos todos para a casa de jantar, não sem antes o meu cão ladrar desenfreadamente à fascista. Ele bem que detecta a maldade... Depois duns berros ao cão, quando na realidade quem devia levar com eles era ela, lá nos mudamos para a casa de jantar, tal qual procissão religiosa, com cara de "tirem-me daqui que a Nossa Senhora é pesada como o raio e já me doi as costas". Sentamo-nos e a minha mãe acaba de transportar o resto da comida, com a minha ajuda. "Porra, que o Perú parece que cresce de ano para ano...", penso eu já com uma hérnia nas costas.

A familiar simpatizante do Salazar atira-se à comida como se não houvesse amanhã. Come que nem um porco numa manjedoura. Quando finalmente a minha mãe se está a servir pela primeira vez, já ela está de prato levantado e lambido, a gemer e a miar que nem uma gata no cio: "Porcotte Mãe, dás-me mais um bocadinho filha?", ao que eu me viro e digo com os meus bons modos: "A minha mãe ainda não se serviu sequer uma vez!". E deito-lhe aquele olhar de: "És mesmo uma cabra esfomeada egoista, chiça!". Ela lá se toca (embora no ano seguinte faça o mesmo outra vez, deve ter ou a memória curta ou um cérebro do tamanho do dum pombo), e espera pacientemente. Quase...
Há que alimentar aquele estômago com alguma continuidade, ou então ela começa a abrir a boca e a dizer asneiras. Mais vale mantê-la ocupada com a boca cheia... Os meus ouvidos sangram quando ouvem demasiados disparates, e pelo Natal quase que morro com uma hemorragia...

Come-se como se não houvesse amanhã. Toda a gente geme no fim. A simpatizante Salazarense pede uma água das pedras porque comeu demais e se sente mal. Já se tornou numa espécie de ritual anual. É a degradação total. Parece um filme de Fellini. Só falta levantar-se e ir vomitar à casa-de-banho para comer mais. Na realidade não me espantava nada que já o tivesse feito. Afinal de contas assim que acaba de comer enfia-se na casa-de-banho. Se vai vomitar ou esvaziar a tripa, isso nunca perguntei. Há que manter o respeito pelos mais velhos.

Mudamo-nos para a sala e lá põe ela a merda da televisão aos altos berros, a tal ponto que não nos conseguimos ouvir uns aos outros. "Vaca da velha", murmura-se daqui. "Cabra de merda", suspira-se dali. Toda a gente olha para o chão, porque não há comunicação possível, a amaldiçoar o maldito 25 de Dezembro, enquanto ela abençoa a novela estar a dar, mesmo na véspera de Natal. Porque há que não perder um episódio. Isso geraria confusão e a total perda do fio à meada. Sem dúvida alguma.

Todos os anos o meu pai começa com: "Este ano esperamos até à meia-noite para abrir as prendas, porque essa é que é a tradição". Todos os anos chega-se às dez e meia da noite e já está aquele coirão a refilar que quer abrir as prendas, com cara de quem está ansiosa por dar as melhores prendas do mundo. Tanto insiste, com aquela voz esganiçada, que o meu pai cede, só para não lhe ir às goelas, ou não lhe atiçar o cão.
Todos os anos o meu pai leva com um aftershave rasca em cima, a minha mãe com uns panos manhosos da loja dos 300 para a cozinha, a minha avó com um perfume barato que de certeza faz urticária e eu levo com um pai natal de chocolate rançoso. O resto da famíli já nem me lembro o que levam. Sorriso amarelo geral. Compreende-se a ânsia para abrir as prendas. NOT. Até o meu cão leva mais prendas dela do que o resto da família. Mas tudo bem, dispenso um perfume de qualidade duvidosa, e muito mais dispenso eu um aftershave.

E assim se passa o 24 de Dezembro. Chega o 25 de Dezembro e tudo se volta a repetir. Sem falhas. Com uma precisão matemática absolutamente assutadora.

Tudo para recomeçar no ano seguinte.

domingo, dezembro 03, 2006

O Natal... O maldito Natal... Maldito velho gordo de barba branca e fato vermelho. Espero que a porcaria do trenó se te avarie...

Ainda não fiz compras nenhumas... Maldição...
Sempre que tento ir ao centro da cidade ao fim-de-semana, mal consigo andar na rua, apinhada de gente tresloucada, com cara de quem o mundo vai acabar amanhã. A correr como formigas. Como é que é suposto eu comprar o que quer que seja com gente aos encontrões e às cotoveladas nas lojas? Alguém sente prazer nisso? Será que é alguma sensação orgásmica que me está a falhar? Será que têm o clítoris no cartão de crédito? Cada vez que passa a faixa magnética, quase que se ouve um gemido. Pensei que era de dôr por estar a gastar dinheiro, mas afinal deve ser de prazer.

Caminho pela Princes Street, a levar com chuva na tromba, com vento gelado que me entra pela parte de baixo do kispo e me gela os pintelhos (está muito frio para me depilar, irra!), a mirar gente com cara infeliz, stressada, numa sangria desatada para comprar qualquer coisa com urgência, embora estejamos um mês longe do fatídico dia. Eu amaldiçoo o tempo e o facto de estar ali feita estúpida a apanhar frio e a ver lojas com coisas absolutamente pirosas (se dessem uma vista de olhos à secção de roupa dos homens... Desmaiavam com a falta de gosto e a paneleirice que aquilo é, os paneleiros que me desculpem. Já percebi porque é que os britânicos parecem gays...). E se são medianamente giras, são caras como a merda. Mas merda de ouro coberta com esmeraldas...!

Quando é que chegámos a este ponto? A este consumismo, a esta perversão da ideia do que é o Natal?
Põe-me doente e tira-me a pouca vontade que tenho de o comemorar, confesso. Só não o faço, porque daria um desgosto de morte ao meu pai, embora desconfie que a única coisa que ele quer é uma garrafa de Vísque, embora com a seca da segurança no aeroporto, eu logo lhe digo onde é que pode pôr a garrafa. Com todo o respeito que ele merece...
Imaginar a minha familia toda junta de novo... Onde não há uma única pessoa que regule bem da cabeça. Onde é tudo desiquilibrado dos cornos. Onde pelo facto de não haver amêndoas, gera-se logo uma discussão que vai parar ao fascismo do tempo do Salazar e que ao que parece, a Coca-Cola era considerada uma droga...

Desconfio que este ano não há prendas para ninguém... Pelo menos prendas escocesas... Sinceramente, tenho mais que fazer!


AI QUE SAUDADES...































NOT! DASS!

sexta-feira, dezembro 01, 2006



Ontem fui dançar Ceilidh pela segunda vez na minha vida.
Assegurei-me que levava um sutiã de desporto, porque minha mãezinha, fui abençoada nesse aspecto, mas para a dança a coisa torna-se complicada: são saltos e saltinhos, piruetas e rodagens. Enfim, como eles dizem: "É dançar à Pixie" (não me refiro ao grupo, mas aos seres. Se não sabem o que é, azar, também não vou explicar. Mas a minha vida é a tua não?).

Absolutamente genial. Dança-se a dois, a quatro ou até a seis. São todas diferentes as danças, mas todas elas se assemelham numa coisa: são longas e fazem suar que nem um porco. Ou porca no meu caso! Eu que nem sou pessoa de suar, ontem não tresandei por uma nesga. Não se pára um segundo. O melhor de tudo (ou pior, devo dizer) é que há sempre mais raparigas que rapazes, por isso há sempre pares de raparigas a dançar. Claro que foi o meu caso, e o das minhas colegas porque somos umas pobres abandonadas... Mas sempre deu para ver jovens moços roliços de kilt. Fétiche? Talvez...

A sala era pequena para tanta gente. Todos alunos, a comemorar o dia de St. Andrews (parece que é o santo padroeiro da Escócia mas caguei, eu fui foi para dançar! Lá o que é não me interessa...! Sou tão culta eu...). Era um bafo quente, um calor, um pivete a sovaco de vez em quando... Mas glorioso! GLORIOSO!

Umas pessoas, nas quais eu me incluo, estavam descontraidas de calças e t-shirt. Outras estavam todas apinocadas, de vestido e salto agulha (santa pachorra...). Não tem conta a quantidade de vezes que as minhas colegas foram pisadas com saltos agulhas. Claro que ao fim de duas danças, estas inteligências suínas não aguentaram os saltos e tiraram-nos. Eu não levei nenhuma pisadela de salto agulha. Apenas torci o pé porque sou deficiente.

Bonito foi quando nos ofereceram um shot de Visque (com uma pratada de Haggis...). A coisa primeiro sabe bem. Depois começa a "arder" a merda da garganta toda. Eu pensei que estava a pegar fogo. "Raios partam que agora é que eu vou dançar bem...!".