No outro dia (espera que acabei de ver no canto inferior direito uma nova coisa no blog chamada "Labels for this post"... Que raio de merda é esta?).
No outro dia chego a casa, e havia uns quantos envelopes para o estafermo do monstrengo italiano que vive comigo.
O monstrengo chega a casa um pouco depois, senta-se na cozinha, e começa a abrir os envelopes.
Eu estava no meu quarto, infelizmente de porta aberta, a falar com a Shoo por MSN.
Até aqui tudo bem...
Num repente, o monstrengo levanta-se, pega no telefone com uma rapidez brutal (ainda me pergunto como é que um peso daqueles se consegue mover a uma velocidade tão grande... senhores da ciência expliquem-me como é que aquilo ganha velocidade), digita de forma descontrolada não sei quantos números. Silêncio. Está a tocar... Atendem do outro lado...
Começa uma berrata estonteante que me fez saltar da cadeira. O prédio inteiro deve ter ouvido. Gritos dilacerantes que me fizeram rasgar o tímpano. Bater do pé, misturado com mais gritos dilacerantes. Asneirada da grossa, que eu mesmo assim ainda percebo alguns palavrões em italiano. Chamou a pessoa do outro lado do telefone todos os nomes e mais alguns, desde estúpida a cretina. Mais gritos. O tom de voz subia e descia, mas sempre mantendo-se num nível mínimo absolutamente ensurdecedor. Um descontrole como eu NUNCA tinha visto na vida.
Porcotte começa a temer pela sua vida...
Comecei a ter pena da pessoa do outro lado, até que de repente percebi ela a dizer: "Mamma... Cretina... Cazzo..." e sei lá mais o quê que me iam caindo os tomates ao chão (se os tivesse) quando percebi que ela estava a falar com a mãe dela, naquele tom e com aquelas palavras.
De repente desliga o telefone na cara da mãe (quando se desce a um certo nível, mais vale fazer as coisas "bem" feitas até ao fim), e carrega para o quarto dela como um touro enraivecido que viu vermelho a passar à sua frente. Note-se que não vi nada, mas percebi tudo apenas pelos barulhos e sons que a aventesma emitia.
Ora o quarto do monstrengo é ao lado do meu, e eu consegui perceber que houve muita coisa atirada ao chão, muito pontapé e sei lá mais o quê.
Comecei a temer pela minha vida mais uma vez... Pensei que aquele ser daquele tamanho descontrolado, se eu dissesse alguma coisa errada, apanhava com ele em cima.
De repente volta a sair do quarto com uma velocidade indescritível, pega no telefone, a bufar pelas narinas, digita outra vez o número enorme, e a gritaria recomeça. Mais gritos dilacerantes. Ouve-se um uivar lá fora: até os cães lhe respondem. Os pássaros fogem a pensar que era um terramoto. Nos pubs pensam que alguém bêbedo voltou a casa.
Volta a chamar nomes à mãe, a falar-lhe aos berros. Às tantas os berros eram de tal forma que já nem se entendiam bem as palavras, apenas se ouviam sons prolongados e ora agudos ora graves, como alguém que não consegue falar, apenas urrar (que nem uma cabra desmamada que é o que ela é).
Shoo só me dizia para eu fugir dali. Eu nem me atrevia a respirar. Uma pessoa assim descontrolada, não responde por si. Eu queria era que ela esquecesse que eu ali estava.
Acaba o telefonema a desligar na cara da mãe, e lá vai ela para o quarto, onde bate com a porta como se fosse um portão de quinta.
Eu levanto-me sorrateiramente, e fujo a sete pés para o ginásio (tinha decidido não ir que estava muito frio... Está bem abelha!).
Mais tarde à hora do jantar, ela explica o que aconteceu, com os olhos vermelhos. Desconfio que esteve a chorar.
Explicou-nos então que a mãe lhe tinha enviado o diploma pelo correio, a pedido dela, meas enviou num envelope com aquele plastico de bolhas de ar, e portanto o diploma vinha todo amachucado.
Obviamente que eu me virei para ela e exclamei: "AH! Assim está bem! Chamar a tua mãe de estupida, cretina, e coisas ainda piores, precisamente a ela que te paga tudo o que tens, renda, comida e o diabo a sete, justifica-se de facto por um acto tão imbecil da parte dela, porque realmente tenho a certeza que ela fez de propósito em te enviar o diploma todo amachucado!"
Pensam que eu disse isto? Pensem melhor! Porra! Tenho medo da coisa!