segunda-feira, dezembro 11, 2006

É que já estou mesmo a ver...
AVISO: qualquer semelhança, bla bla bla... Tenho mais que fazer, bla bla bla... (bla bla bla...)

“Então este ano quem é que vai buscar a velha?”, pergunta o meu pai.
“Ai pá, que seca, não me apetece nada! Não tenho pachorra, depois com todas as merdas que ela me vai impingir, que a minha vontade é pô-las logo no lixo!”, responde a minha mãe.
“A minha vontade é metê-la a ela no lixo. Bem, eu já sei que vou como apêndice, por isso decidam-se duma vez, para acabar com esta agonia de morte, que quanto mais depressa nos despacharmos, mais depressa passa o Natal...”, digo eu.
Suspiro geral. Toda a gente pensa: “Porque raio nos submetemos a isto todos os anos?”. Ainda ninguém conseguiu responder a isto... Não sei se é uma pitada de sado-masoquismo, se é algum complexo de medo da cultura católica que nos foi impingida desde pequenos, se é pura e simplesmente para reunir a família, peixeirar e berrar, só para quebrar a rotina do dia a dia. Como se o dia a dia fosse calmo per se, mas enfim.
Lá vamos, a minha mãe e eu, com o acordo de que o meu pai a traz de volta. Claro que eu estou lá sempre, quer à ida, quer à volta. Sou uma desgraçada. Já estou habituada.
A mesma cena ocorre, como todos os anos aliás: lá traz ela trezentos sacos cheios de lixo, pesados como o c*r*lho, aos quais ela chama coisas caras e velhas. Perdão... Antigas. Mais de metade estão partidas e são horrorosas. A outra metade desfaz-se em pó no caminho para casa. A outra metade mete nojo. E com isto já lá vão três metades...
É que o incrível dos incríveis é que eu consigo descrever os natais todos desde há uns anos para cá porque eles são rigorosamente todos iguais. Não há cá imprevisibilidade. Só acontecerá quando um de nós se passar e for ao gasganete à velha. Até lá...
Ainda se discute se o tempo será linear... Pois eu tenho a prova de que é circular. No natal, na minha casa, pelo menos é. Um ciclo. Vicioso e mal-cheiroso.
Já se sabe que vai haver discussão, porque a minha mãe explode e diz que a nossa casa não é o lixo municipal, ao que a velha passa-se e diz que aquilo não é lixo nenhum. Acaba sempre em mau ambiente. Tipicamente Natalício. Ela amuada e mandar bocas e indirectas. Aliás, directas, porque subtileza nunca foi o seu forte. O seu forte é mais a lambarice e o enfardanço.
A caminho da casa onde vamos invariavelmente sofrer durante umas horas o período natalício, começa a sessão de gases. Já não há pudor nem respeito nenhum. A minha mãe e eu olhamos uma para a outra, com uma agonia de morte e desatamo-nos a rir. Se ela não tem pudor, nós também não. Rimo-nos na cara dela.
Pior ainda é quando ela adormece no sofá, a roncar com a boca aberta e a cabeça inclinada para trás, e a minha mãe se põe a tirar fotografias. Nem o flash acorda aquele morcego velho. Não há hipóteses. Também já pica o ponto nisto.

3 Estrunfes que tentaram tirar o protagonismo:

  • não percebo, nem tenho nada a ver com isso, porque é que continuam a convidar tão "ilustre" pessoa mas já que acham que têm essa obrigação pelo menos ignorem-na a ela e tudo o que ela representa é ridiculo estragarem o vosso dia por causa de alguém que não merece.

    By Blogger asdrubal tudo bem, at 12 dezembro, 2006 11:45  

  • Asdrubal:
    Eles gostam!!!! Eles gostam!!!!!
    Nem havia Natal sem a velha!
    Quando a velha morrer, vai ser uma pasmaceira!!!

    UM BRINDE À VELHA!

    By Blogger Maria Vinagre, at 12 dezembro, 2006 12:25  

  • Acertaste na mouche Maria...

    By Blogger Porcotte Pink, at 12 dezembro, 2006 20:33  

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