quinta-feira, dezembro 14, 2006

Como se fosse ontem...

Há dias estava a tentar lembrar-me quando foi a primeira vez que falei realmente contigo, pensando já em ti de modo diferente.

Dia 2 de Janeiro de 2006.
Lembro-me como se fosse ontem.

Tinha recebido um email engraçado em italiano, e o meu Pai na brincadeira disse para te enviar, que terias achado piada de certeza. A ideia aliciou-me de imediato, nem eu sei bem porquê.

Bom, mentira.
Sei.

Porque desde que te tinha visto no aeroporto aquele dia, em que o meu Pai sugeriu ir com ele, havia algo que tinha feito uma espécie de click.
Algo na maneira como te mexias, ou algo na tua voz.
Se calhar no teu olhar. Ou num primeiro toque. Das mãos. Dos lábios à cara. Algo de imediato. O quê em específico não te sei dizer. O que sei, é que mexeu. Instantaneamente.

Respondeste a aquele email com uma imediata perspicácia num tom humorístico. Hoje, sei ser algo tipicamente teu. Irresistível na altura. Irresistível hoje quando a relembro.
Gostaria de saber o que tu sentiste ou pensaste quando o recebeste. Um dia se me lembrar pergunto-te, por mera curiosidade.

Lembro-me que depois disso, vimo-nos umas vezes.
Umas boleias pedidas ao meu Pai, e fortuitamente estavas também no carro. Umas tuas vindas à casa para trabalho. Poucas ocasiões, em grandes espaços de tempo... e no entanto, lembro-me delas todas.

No meio disto tudo, não te sei explicar... Houve sempre algo em mim que achou que iria acontecer qualquer coisa.

Um dia soube que vinhas de novo a Lisboa. Secretamente, dentro da minha cabeça, comecei a recriar cenários de quando e como te poderia ver. Um pouco por brincadeira, um pouco por desejo. Lembro-me como se fosse ontem quando o meu telemóvel tocou na Grafe, e fugi para o corredor para ouvir o telefonema “...Espera que o M. quer falar contigo, ok?”.
O nervosismo de ouvir-lhe a voz não era normal. Apercebi-me logo.
O nervosismo de não conseguir ouvir bem, por falta de sinal, e vergonha de pedir para repetir.
No meio de momentos de quebra de rede, de risos nervosos e de pensamentos já por si loucos, sei que aceitei algo como uma ida ao bar ou jantar à noite. A desculpa foi: um projecto de logótipo para uma nova empresa.

Quando desliguei o telemóvel, a cabeça continuou. O sorriso nasceu nos lábios e senti aquela moinha na barriga do primeiro encontro. Acalmei a cabeça pensando que era somente trabalho, nada mais. Pensei também que tinha provavelmente percebido mal, que era só uma bebida e uma conversa e mais nada.

Mas não foi.

E foi lindo.

O nervosismo que aos poucos se foi. O meu, e o teu também.
A vontade que a noite não acabasse porque não conseguia deixar de te ouvir falar. A tua vontade que a noite não acabasse, não sei porquê.
O entusiasmo da tua voz, do rodar dos teus olhos. Da curiosidade que tinhas, e da minha também. Apercebi-me nessa noite, que quem tinha à frente era alguém tão especial e deslumbrante, como o tinha imaginado todas aquelas vezes na minha cabeça. Não era fantasia, era realidade. Uma realidade deliciosa e inebriante.

Ainda hoje tenho incertezas acerca de quem provocou isto tudo.
A minha mente, o teu pedido, o meu entusiasmo... o teu entusiasmo, a minha paixão?
Não sei. Isso não sei.
A verdade é que nem preciso de saber. Há coisas que não se explicam.

O que quero, e tenho de me lembrar, é que do nada, algo mágico nasceu. Algo que senti antes do tempo. Algo que foi inexplicável.
Quando as coisas não estão bem na minha cabeça, é disso que me quero lembrar. Porque isso tudo, já por si, me fez feliz até hoje. E é disto que a minha alma precisa, e se deve alimentar...


... diariamente.

0 Estrunfes que tentaram tirar o protagonismo:

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