quinta-feira, maio 31, 2007

Hoje choveu torrencialmente. Relâmpagos e tudo. Lá consegui uma aberta ao príncipio da noite para voltar para casa (tenho trabalhado que nem um cão). Tenho a mania que é verão aqui e não ando muito agasalhada. Não faz frio, mas tem chovido que se farta. Até me dei conta de estar a comer um gelado com chuva a dar-me nas ventas e da minha colega Sueca me dizer: "Mas pensas que estás em Portugal? Aqui não há verão!". Dou-lhe alguma razão. Estou com as latitudes (ou longitudes? Nunca sei!) trocadas...
Chego a casa e pela segunda vez desde que aqui estou que cai água no meu quarto pelo tecto. Ora bem, isto faz-me perguntar que mal fiz eu para merecer isto. Não me chegava já ter criado asco à casa e a certas pessoas intervenientes (que ontem tiveram a lata de dizer à minha colega Italiana que nunca tinham reparado que a cozinha estava tão porca e que ninguém a limpa... Eu nem comento, porque não me quero irritar em demasia, para além do que já me irrito todos os dias, mas o que é facto é que o que está sujo foi sujo por ela), como ainda me chove no quarto. Não me chegava estar farta desta merda toda, como ainda ocorre isto por cima. Porquê? Com vontade de sair já eu estou. Decidida a sair já eu estou. Não preciso de mais.
Tem piada que a primeira vez que aconteceu fiquei nervosa, irritada, desesperada e descontrolada. Só pensava que tinha medo que acontecesse outra vez no "meu" quarto.
Desta vez, estou-me a cagar. Até pode cair o prédio que não me rala nada! Não veja é a hora de sair desta esterqueira. Qual "meu" quarto qual quê! Dass!

quarta-feira, maio 30, 2007


Por acaso acho:

  • Normal deixarem-se crianças tão pequenas sozinhas de noite, quer por meia hora quer por noites inteiras, não interessa.
  • Que se viaje para fora deixando os dois rebentos na terra natal, quando se acabou de perder uma filha.
  • Que se apareça nos jornais todos, a pousar para fotografias e a relatar o dia a dia como se fosse um vulgar diário.
  • Que se viaje pela Europa, quando se perdeu uma filha. Quer seja por divulgação quer seja por lazer.
  • Que haja esta histeria popular a apoiar e dinheiro para financiar a procura da miúda.
Devo ser mesmo anormal. Pessoalmente se tivesse perdido um filho, que mesmo com 50 olhos pode acontecer, quanto mais se é deixado sozinho por um razoável montante de tempo, estaria arrasada, enfiada na cama a chorar durante o dia inteiro com pensamentos suicidas a ssolarem-me de 5 em 5 minutos.
Para além do mais desaparecem crianças todos os dias e a todas as horas das suas casas. O que tem esta de especial, para gerar tanta notícia, apelo e financiamento?
Desculpem-me o septicismo e talvez mesmo uma certa insensibilidade, mas esta história toda cheira-me a esturro... Qualquer coisa não joga para mim.
Daí escrever isto para dar força à nossa PJ que é bem mal falada nesta terra. Pessoalemente espero que se apure a verdade, porque não sei porquê acho que a história está muito mal contada...

Hoje de manhã, lá fui eu ao site das citações que gosto muito de visitar from time to time, eis-se-não-quando leio isto:


Bizarro. Não?

terça-feira, maio 29, 2007

Adoro viver numa casa com a senhoria que decide fazer obras de pintura na sala de estar e no corredor e não avisa os moradores da casa...
Também adoro o facto de que ela vai aumentar a renda, me quer cá (ou não), mas não me diz que a renda vai aumentar...
Adoro isto tudo. Adoro não ter vontade nenhuma de ir para casa porque já não posso com ela. Adoro chegar a casa e trancar-me no quarto.
Adoro esconder papel higiénico e detergente para a roupa no quarto em conluío com a minha colega de casa porque ela em 9 meses nunca comprou a ponta dum corno das coisas comuns e espera que agente as compre... Mas contribuir com dinheiro? Está quieto...
Chega... Se quer cagar, que limpe o cu à mão!

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domingo, maio 27, 2007

Kodak Moment

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O ano da Porca



... como é que ainda não tinhamos feito esta piada óbvia?


Saudades. Invadem o meu dia-a-dia. Sofrimento. Sangue. Deixa de escorrer. Sangue. Morte. Sangue. Chouriço de sangue. Morcela. Salsichona. Escocesa. Italiana. Não somos esquisitas. Salsichona e couves. Gazes. Púns. Ácido sulfúrico. Bombas de gás mostarda. Mostarda nas salsichonas. Escocesa. Italiana. Já disse, não somos esquisitas. Couves lombardas. Púns. Desmaio. Bater cabeça. Sangue. Morte. The end. Or is it? Física quântica.

Epilogo: Saudades tuas Noja da merda.


Apetece-me afogar aquele meu lado mais ácido. Aquele lado que quando ouve (mais uma) coisa que correu mal, que deu para o torto, diz logo “já estava mesmo à espera” ou “típico”. Aquele sacana que está ali escondido, provavelmente entre o meu fígado meio gasto e o intestino cheio de gases (só assim lhe explico o mau humor constante) e que, naturalmente irritado com a sua situação, só casca nos acontecimentos e nas pessoas que encontra.

Gostaria então de acordar amanhã muito bem disposta. Olhar para fora e ver o céu cinzento, os ramos a esvoaçarem, as gotas a caírem, e sorrir. Ouvir as queixas das coisas que correm mal dos meus amigos e familiares com o mesmo positivismo e bom humor com que ouviria as coisas boas. Enfrentar um Domingo como enfrentaria um Sábado. Ver o lado bom do que me corre mal neste momento com o lema de “uma porta fecha-se, mas abre-se uma janela” sem pensar que a janela está aberta para dela possívelmente me atirar. Deleitar-me com a chegada de Segunda e do período, e se for o caso, de ambas as coisas juntas. Enfim, a lista é vasta, mas o propósito é bom e sincero.
Agora:
explicam-me como raio é que isto se faz?

Pois. Ora bem. É que já estava mesmo à espera. Típico.

sexta-feira, maio 25, 2007

Exmo Senhor Primeiro-Ministro,

Pessoalmente estou-me nas tintas se o senhor tem a sua licenciatura em Engenharia ou não. Eu sei que tenho a minha, e isso é que me interessa. O resto é pastagem.

Com os melhores cumprimentos,

Porcotte Pink

quinta-feira, maio 24, 2007

"Só sei que nada sei"
- Sócrates
Aparentemente é mesmo verdade...


Enquanto o outro cantava: "O bacalhau qu'eralho", eu canto: "A Porcotte quer bacalhau".

Não o cheiro, que isso arranja-se com facilidade (assola as moças menos asseadas) mas o bacalhau seco e ressequido (não me refiro à "fruta" das velhas, refiro-me ao peixe em si).

Confesso: se volto a comer salmão, o peixe volta a subir o "rio" e a sair do meu estômago (para quem não percebeu, "gomitava-me" toda).

Cadê o bom do bacalhau assado (... Não vou comentar com anedotas porcas...) regado com azeite...? Mas azeite do nosso! Nada desta merda que aqui têm que é acido como a merda (confesso que nunca provei merda, mas está-me a parecer que deve ser melhor que o azeite que aqui têm).
Cadê a morcela, o chouriço, a farinheira e o chouriço de sangue com a couve lombarda e as carnes todas e a batata cozida e o arroz?
Do arroz de pato?
Da açorda?
Cadê as "xaxixas" enroladas?
Cadê o bom do peixe grelhado?
Da caldeirada de peixe?
Da espetada de lulas?
Do bom do bitoque com o ovo a cavalo?

Já não posso com massa italiana. Já não posso com comida mexicana. Já não posso com sandes. Já não posso com sopa de tomate. Já não posso com nada de nada.

Já não posso com o cheiro a fritos que exala das" fish and chip shops", onde põem numa fritadeira funda a abarrotar de óleo tudo o que se possa imaginar: pizzas, salsichas, peixe, haggis, e pior que tudo, barras de chocolate Mars.
A pizza absorve o oleo todo. O chocoltae frito, esse então transcende-me completamente. Quem, mas QUEM é que quer comer um Mars que tenha sido frito em óleo? Quem...? QUEM? Porquê? Quando? Como?
Para além do mais sofro de falta de capacidade de processar comida gorda e oleosa que me põe doente em três tempos... Acho que estou no sítio certo...

Ai as saudades do meu Portugal, onde embora um senhor Primeiro Ministro possa aparentemente falsificar o seu diploma temos boa comida porra pá! Que se lixe! Quem quer saber se ele é engenheiro ou não? Vai-se a uma tasca, comem-se pipis e moelas seguidas dum bom bitoque e duma lambreta e aí vai disto! O senhor Primeiro que fasifique (ou não) o que quiser!

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quarta-feira, maio 23, 2007

Acho que se mais alguém me pergunta:

"Quando aqui são sete horas, que horas são em Portugal/Escócia?"

dou em doida...


SÃO AS MESMAS PORRA PÁ!

terça-feira, maio 22, 2007


Os dias aqui são frios...

Olho pela janela e faz sol. Abro a porta da rua e levo com uma rabanada de vento tal nas fuças que imediatamente desfaz o que o pente mal e porcamente fez.
As casas são frias e usa-se o aquecimento central...
Até aqui tudo bem...

A merda disto tudo é que seca a porra da garganta e do nariz. Acordo com a garganta a arder todas as manhãs e com o nariz cheio de macacos ressequidos que doem a tirar porque se agarram aos pêlos do nariz. Lá ficar com eles é que não...

Para além disto são os incríveis barulhos que o sistema de aquecimento central faz... Desde ao pingar descompassado

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ao barulho de metal a estalar devido à água quente a passar, ao raio que me parta que por vezes me chega a acordar a meio da noite com os estalidos.

Queixo-me mas dizem que é normal... E eu ainda me espanto porque raio é que estou a dar em louca (sem contar com o desiquilíbrio mental que assola o apartamento onde moro...)

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Dei-me conta qual é o meu problema: odeio gente...

A cada dia que passa, odeio mais gente e tenho menos paciência. Estou-me mesmo a ver velha jarreta e sem dentes, metida num lar, abandonada, sozinha e rabugenta com uma cana na mão a dar com ela nas ventas de cada um que se tenta aproximar...


Tenho asco, verdadeiro asco ao tipo de pessoa que se "está a cagar" para os outros. Detesto egoismo e falta de respeito.

Desde à minha senhoria que tem um computador de merda e a abarrotar e culpa a caixa de internet por lhe falhar a ligação e decide desligar a internet de 5 em 5 minutos a ver se funciona melhor no computador dela, estando-se nas tintas se o resto da casa está a usar a internet ou não.

A colegas na faculdade que decidem usar o Skype durante tardes inteiras e se estão a cagar se o constante falar deles interrompe o racíocinio e concentração dos outros que estão ali para trabalhar.

Ao facto de estar a trabalhar no laboratório e um colega meu alto como a merda decidir entrar no laboratótio e pespegar-se atrás de mim como uma sombra e observar minuciosamente com olhos de falcão tudo o que faço e ainda ter a lata de cagar sentenças se acha que alguma coisa está a ser mal feita. Pior ainda é quando decide interferir fisicamente com o que estou a fazer.

Aos homens das obras que estão a trabalhar no edifício do meu laboratório e decidem fazer barulhos estranhos e deitar olhares lascivos de cada vez que passamos.

Sou eu o problema? Estarei a dar em louca? Estarei a ficar anti-social? Estarei a ficar anti-tudo?

quinta-feira, maio 17, 2007

- O Mistério do Toilet Paper -


Alguém me pode explicar COMO RAIO é que uma pessoa vai à casa-de-banho, usa o papel higiénico e deixa-o no chão? Onde pessoas pisam com sapatos da rua? QUEM? QUEM é que limpa o cu e a passarinha com papel higiénico que deixa no chão? MAS ISTO É NORMAL? Alguém que possua todas as suas capacidades mentais faz isto??? Ou é meramente uma NOJEIRA pegada? Expliquem-me que há mistérios que me ultrapassam por COMPLETO...

Dass-se, tirem-me daqui que estou farta desta merda!
* Porcotte num momento de crise, entre muitos, depois de viver 9 meses nesta casa com o que veio a descobrir ser uma pessoa desiquilibrada dos cornos!

quarta-feira, maio 16, 2007

Vira-se ele para mim: "Olha, este fim-de-semana vai estar bom tempo! Queres subir ao Cobbler? É perto do Loch Lomond, e não é muito alto. Uns 900 metros. Nem chega a ser um Monroe!".
Porcotte pensa: "Bem, com bom tempo, porque não? As vistas de lá de cima são sempre de cortar a respiração! Mais vale!" Aceitei o desafio.

Primeiro problema: o que vestir? Não me refiro a saltos altos e saias e vestidos e o raio que me parta. Refiro-me à imprevisibilidade do tempo nesta maldita terra: tanto faz sol como chuva e muda em menos de 5 minutos... Se ponho de menos, morro gelada. Se ponho de mais morro de calor e estou carregada que nem uma jumenta a subir um monte. Literalmente.
Lá fano algumas coisas XPTO do gajo, próprias para estas merdas de caminhadas e cortar frio e vento, feitas de gore-tex e o raio que me parta: assim ia leve e protegida. Até aqui tudo bem.

Metemo-nos no carro e eu aprecio as vistas. Acho que nunca me hei-de cansar do lado campestre desta terra. Um dia hei-de-me encher de coragem e hei-de contar todos os tons de verde que aqui já vi.

Chegamos ao destino e paramos o carro. Digo eu: "Olha lá, onde raio está o monte? Qual é?", borrada de medo porque só via montes gigantes à minha volta e estava a ver a minha vida a andar para trás. "Ah, não vês daqui, está ali escondido atrás daquele". Ah e tal, tudo bem...

Começa logo mal: o início era inclinado como a merda e eu ainda não tinha dado 3 passos já estava com os bofes de fora e já tinha bebido meia garrafa da minha água, o que quase gerou uma discussão porque eu feita xica esperta disse-lhe que mal bebia água e não precisava de muita... Acho que no fundo não queria era carregar com o pesunho da água... Esperta eu.

Subimos e subimos e ainda nada de ver o cume daquela merda... Até que de repente ele se vira para mim e diz que "vamos virar à esquerda e subir aquele", a apontar para o sítio. Olhei e ia desmaiando. Ocorreu-me que ele me tinha levado para ali para me empurrar e se ver livre de mim... Ia-me dando uma coisinha má...



Porcotte começa a cheirar a bacon frito tal eram os calores do nervoso... Só via subidas e descidas escarpadas e rochas e o raio que me parta. Pensei: "Então é aqui que termina a minha existência suína... Perdida no meio do nada, caída a sangrar que nem uma porca na matança do porco". Virei-me para ele e perguntei-lhe se "estava louco dos cornos e se se queria ver livre de mim". Ele ri-se, provavelmente habituado à minha latinice aguda de desvarios e honestidade expressada com linguagem crua. "Não te preocupes, parece pior do que é!". "O diabo mazé, que se me acontece alguma vou-lhe às ventas", pensei para os meus botões...

Continuamos a subir, depois de parar para comer debaixo duma rocha, que eu estava a ver que por mais um bocado me caía em cima e me esmigalhava ali, deixando-me "a sangrar que nem uma porca na matança do porco". Não sei quando me tornei tão paranoica e pessimista, mas adiante.

Subimos e subimos...


E subimos e subimos... Eu a suar e a cheirar a presunto, a beber a água que não tinha (a dele...), a pôr os pés, mãos, cu e tudo o que tinha para não cair, e subi e subi, a amaldiçoar o dia em que nasci, o dia em que ele me tinha sugerido subir aquilo, o dia em que me mudei para aqui...


Até que cheguei...

E pensei: "Sua estúpida, até foi fácil... Se não te queixasses tanto, tinhas aproveitado mais o passeio...!"

Mas o que não é defeito... É feitio!

terça-feira, maio 15, 2007


-A busca do apartamento encantado-



Se bem se lembram, no último episódio Porcotte tinha dado o grito do Ipiranga mais velho e decidira mudar de apartamento. Num ataque de loucura raivosa e espumando da boca Porcotte disse: "Chega, porra duma merda!". Não só decidiu mudar como também já não se cala se algo não lhe convêm! Ainda com alguma timidez mas chega de ser banana e ganhar tomates! Fruta por fruta, Porcotte prefere ter tomates!

Convenhamos que a perspectiva de mudar de apartamento e viver com completos desconhecidos não a entusiasmava muito. "Já não tenho idade para estas merdas, porra!", diz ela para com ela.

E se lhe calhava mais gente tresloucada como a actual senhoria? Que não lavam a louça, deixam comida durante dias em cima do fogão, não tiram os cabelos e pêlos do ralo, fazem barulho a andar, dormir, a dar umas, são forretas do mais forreta que há, tiram papel de parede como quem vai beber um copo de água, deixam roupa por todo o lado, que não tomam banho durante dias e tresandam?

A negrura adensava-se na cabeça de Porcotte... Suores frios e tremores com a perspectiva de começar uma busca completamente sozinha e perdida no meio de uma cidade que se deu conta que afinal mal conhece (Porcotte é uma triste duma imbecil e acha que mete nojo... Eu pessoalmente concordo).

Até que hoje... Hoje o dia clareou e Porcotte perguntou a uma colega se se queria mudar para um apartamento com ela, já que também ia andar à procura. A colega disse que sim. Uma moça normal como Porcotte (que risos são esses?). Uma moça silenciosa e sossegada. Asseada e limpa. De poucos deboches e badalhoquices.

E Porcotte sentiu de repente 20 kg que lhe sairam das costas. Agora é "só" encontrar um apartamento!


Claro está que daqui a uns meses Porcotte estará a dizer mal da moça, mas por enquanto tudo parece rosas...

quinta-feira, maio 03, 2007

Eu hoje acordei assim:


... a pensar que tenho vontade de voltar a escrever aqui, mas sem saber muito bem como, nem o quê.


Um comment aqui, outro ali (já agora: thanks headache), sabem muito bem. Comecei a pensar que apesar de tudo, o blog sempre foi uma maneira de desabafar tudo o que passa nesta minha cabecinha (semi) doente. A verdade, é que me pus a pensar que apesar de tudo, se este é o meu espaço, devia deixar de ter problemas em por vezes ter meses em que só escrevo “merda”. Ou meses em que só escrevo coisas deprimentes, ou mesmo posts ridículos. Escrevo o que sinto, e o que me sabe e faz sentir bem.

Tenho tido pouco tempo, é um facto. Pouca paciência, é outro facto. Li há poucos dias num comment de um post, que de facto já temos tantas preocupações/obrigações diárias, que mal seria se tivéssemos por obrigação que escrever no blog. E é isso mesmo que sinto. Nunca fui de fazer coisas contra a minha vontade. Quem me conhece sabe disso, e quando sismo... esquece.

Depois há o factor crítico. Quando me volto a ler e não gosto do que escrevo, é o fim. Não sou um Baudelaire, ou um Shakespeare, e muito menos um Stendhal. Tenho plena consciência disso. E porém... enervo-me sozinha por não escrever melhor e mais facilmente. Mas depois a realidade é que escrevo porque gosto, não tenho de ser igual a ninguém. Nunca vou escrever assim como eles, como também nunca irei escrever igual à minha hilariante Porcotte.
A verdade é que sei que nunca sequer tentaria ser igual a eles, mas por algum motivo (quiçá, admiração, a níveis muito diferentes?) de algumas destas pessoas (escritores, copys, bloguistas... etc.), apetece-me não escrever.

O que aconteceu hoje, é que achei isso tudo muito estúpido. Deu-me a volta, e decidi pôr fim a este silêncio rumoroso. Isto não quer dizer que não vá achar de novo o contrario do que acabei de escrever daqui a uns meses, ou mesmo amanhã. Mas é uma tentativa de explicação, muito mal explicada, dos cantinhos do meu cérebro mais rebuscados. Sim, aqueles mesmo mais escondidos, com colónias de aranhas a fazer muitas teias. Já deu para perceber, não?...

E é com este post escrito à pressa, com The Shirelles a cantar Will You Still Love Me Tomorrow (um clássico!!!) nas colunas, que quebro o enguiço do blog. A ver se pega.

terça-feira, maio 01, 2007



O Festival de Beltane

Até estava com vontade de ir. Na realidade chateei toda a gente que me rodeia para ir. Lá fomos uns quantos. Paguei 5.50 libras que até me lixei. Antigamente era de borla, agora nem por isso. Capitalistas dum camandro.

Arrota pelintra, faz-te Lorde.

Chegámos lá, e estava um frio de rachar. Era no topo duma colina, eram oito e meia da noite e eu vi-me a desejar pela minha cama... "Que triste que tu és... Tens 26 anos e pensas numa merda dessas?". A minha colega tremia de frio e eu praguejava. A italiana estava toda contente e essa nunca tem frio... Raios partam a gaja. Não sei se é da camada de pasta que a cobre, se e da camada de Nutela... Embora estivesse um frio de rachar pedra, a tarde estava limpa e a vista era de cortar a respiração. Vivo em Edimburgo hà 6 meses, mas há sempre alguma coisa que me surpreende.

Lá nos sentamos na relva e arrefecemos a olhos vistos. A italiana lá se levanta para ir ter com a espanhola (que entretanto mudou de casa e eu aqui enfiada ainda) e lá nos encontramos todos, um grupo já bem maior (aí uns sete ou oito). Sempre dava para nos aquecermos mais. Nada de más interpretações, não houve cá orgias, embora o festival represente algum deboche.

Lua cheia. Começa a anoitecer. O espectáculo ia começar ás nove. Eram dez e nada... Porcotte pragueja com os dedos dos pés enregelados.
Entretanto lá começa. Pequeno pormenor: havia tanta gente que mal vimos o ínicio... Mas do que deu para ver era bem engraçado e os tamborileiros (como raio se chamam as pessoas que tocam tambor???) eram espectaculares. A Rainha lá desceu em procissão com o gajo que se ia transformar em Verão e casar-se com ela.

Descem do edificio (Que parece um Partenon em ruinas... Aliás, segundo me disseram iam construir uma imitação mas ficou muito caro e ficou a meio. Daqui a milhares de anos hão-de dizer que aquilo é Grego ou Romano... Estou mesmo a ver). Quando desceram, deixámos de ver o que quer que fosse. Ainda gritei para as pessoas se sentarem e darem acesso aos mais baixos, mas isto é tudo uma corja de sacanas que se estão a cagar para os outros. Ficámos a mandar bocas aos da frente e lá nos resignamos que dali já não saía nada.

Desistimos de ver o resto da procissão e fomos para o lugar seguinte onde a procissão ia passar, para arranjarmos um bom lugar. Aquelas desgraçadas começaram a correr e eu quase as perdi de vista... Estive quase para lhes ir às trombas! A noite era escura como breu e era bem dificil ver quem estava aonde.

Lá conseguimos ver as coisas bem, mas infelizmente não percebemos o que aquilo tudo representava. Mas a encenação está muito boa e os acessórios eram 5 estrelas.

Quando aquela acabou era impossível ver mais e lá fomos para a zona final onde já havia algumas pessoas, embora tivessemos que esperar uma meia hora até que a procissão lá chegasse (acho que já não tenho idade para estas merdas, porra!).

Aí sim, valeu a pena, ver o gajo cornudo a ser despido e a casar-se lá com a Rainha, o que representava a vinda do Verão! Muito berrámos, e vimos gente nua a dançar lá pelo meio (acho que eram os "demónios").

Depois disso, xixi cama que hoje era dia de trabalho e o frio deu-me cabo da moleirinha! Dass!