sexta-feira, abril 07, 2006


Bem, deparei-me no outro dia com uma cena bastante caricata.
Cheguei esbaforida à plataforma do comboio. Suava, arfava e gemia, e nem estava a dar uma... Enfim, nem todos os diabos têem sorte... (A minha tia Eugénia acabou de suspirar, não sei porquê...)
Avanço um bocado, e paro à espera que o comboio chegue. "E porque estava esta gaja esbaforida?" perguntam vocês. Pois bem, porque esta gaja é uma atrasada mental e nunca tem as horas certas e pensava que ia perder o comboio. Mas afinal não. Afinal apanhou o comboio das 10h12 a horas, sem qualquer problema. É só para saberem.
Estava eu então na plataforma, quando vejo quatros homens a "trabalhar" em limpezas. "Porquê as aspas?", perguntam vocês (que diga-se, já me começam a irritar com tanta pergunta), ao que eu respondo: já vão ver.
Um deles estava em baixo, na zona dos carris, a segurar um tubo de aspiração. Estava efectivamente a trabalhar. A aspirar a zona dos carris: suponho eu a aspirar os milhares de milhões de beatas e os milhares de triliões de escarros (e um ocasional preservativo que tem sempre o dom de aparecer em qualquer lado).
O segundo, estava em cima da plataforma, portanto num nivel acima, a segurar o tubo, que tinha 200000 km de comprimento, e por isso justificava-se que houvesse alguém a segurá-lo (não sei se notaram no tom sarcástico e irónico...). Estava portanto a "trabalhar imenso" (CALÔ! Já explico!).
Um terceiro estava com a maquineta aspiradora encostada a ele, a fazer não sei o quê: não sei se a segurava para ela não fugir com algum impulso, ou se era a maquineta que estava encostada a ele para o impedir a ele de cair. Não sei mesmo... Estava portanto a "trabalhar" (bem, se ainda não perceberam as aspas, peço desculpa pela má notícia, mas ide dar uma curva).
O quarto andava tal qual fera enjaulada de um lado para o outro em cima da plataforma, com uma corneta daquelas de futebol que eu ABOMINO, na mão.
Estavam todo equipados com o belo do colete verde-limão "fusfoscente" e quase todos eles estavam também equipados com o característico farfalhudo bigode português (por acaso não sei se não estou a ser mázinha neste ponto, mas lembro-me claramente que pelo menos o da corneta tinha).
Olho para o meu lado esquerdo e vejo um gajo encostado à parede da plataforma, a olhar-me com olhos que... enfim. Pensei eu: "Mau, que vamos ter fita...". Mas nesse momento, reparei que por baixo da sua jaqueta, tinha um colete verde-limão "fusfoscente" também! Afinal eles eram 5!! CINCO!
"Olha! Este tresmalhou-se do grupo!! Que está ele a fazer ali em vez de estar ao pé dos outros?"... Resposta óbvia: a "trabalhar"! Ao telemóvel... A andar de um lado para o outro... A olhar para as gajas boas como eu que passavam à frente, a escarrar para o chão, etc. De vez em quando ia à borda da plataforma para espreitar o trabalho dos colegas: suponho portanto que o trabalho dele é o de ser voyeur ou coisa que o valha. Não sei...
Entretanto, o comboio vislumbra-se lá longe, e vai o da corneta e apita-a, não fosse alguém a 10 km de distância não a ouvir, vamos lá com deus! Mas apita-a mesmo perto das pessoas, provavelmente para as pessoas verem como o trabalho dele é duro, importante e imprescíndivel.
Para-se então a aspiração, e o da máquina puxa-a para dentro. O do tubo da plataforma puxa o tubo. O que estava nos carris, sobe para a plataforma sozinho. O da corneta continua a andar de um lado para o outro como uma fera enjaulada e o tresmalhado continua a ver gajas boas e a falar ao telemóvel. E vai-se fumar um cigarrinho.
E isto meus amigos, foi o melhor retrato do que se passa efectivamente nesta país...

0 Estrunfes que tentaram tirar o protagonismo:

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