quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Patinho de borracha: um estado de espírito

Lembrei-me da paz ondulatória
Lembrei-me da calma ao adormecer
Lembrei-me do eterno espairecer
Lembrei-me de uma pequena vitória

Não tem opinião. Não tem alma. Não tem vida. Mas por algum motivo, enriquece o espírito de quem o aceita. O olhar estático, a textura artificial e o aspecto abonecado são deceptivos face à profunda tranquilidade que induz. E quem tiver só um pouco de visão irá perceber que a voluptuosidade de um banho de imersão só é completada pela imagem inocente do patinho a boiar.

Encontrar calma num objecto inanimado que mais não faz do que obedecer às leis da física é encontrar a calma de viver. É entender que é na própria existência do patinho de borracha que se encontra a paz de espírito que procuramos. É entender que é na simplicidade de perceber totalmente algo tão simples que reside a consciência absoluta.

Levem o patinho para o banho. Toquem no patinho. Olhem para o patinho. E eis se não quando, irão realizar que afinal tem opinião, tem alma e tem vida. E que afinal o patinho de borracha não é o patinho de borracha: é um estado de espírito.

2 Estrunfes que tentaram tirar o protagonismo:

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