domingo, abril 01, 2007


Casamento. Casamento. Casamento.


É disto que oiço falar desde miúda, já que era o sonho de 90% das minhas amigas. Crescendo, a percentagem diminuiu bastante, mas também é de salientar que as amizades tiveram uma grande reviravolta. No meio destas, surgiu a Porca, companheira de aventuras, que também anda naquele 10% que se abstém do acto com C grande.

Neste último mês, esta palavra parece que se alapou ao meu cérebro, e desde então não me tem largado. Acho que tudo começou quando o Pedrito deixou o convite do casamento o mês passado. Depois, foram as conversas ao sol (... acho que isto teve influência, porque sol na carola nunca pode dar em boas conversas) na varanda da agência, com a Lu:
- Mas tu não vês um casamento no teu futuro?
- Não necessariamente. Vejo tudo o que isso implica de bom, menos todas as partes más, e o contracto inerente a ele.

Passou pelas conversas de meia-noite no msn com o Garcia:
- É, e se o italian man pedir?
- Ele não pede... trust me... e se ele pedisse, a minha resposta provavelmente seria: “estás bem???? Não mas a sério, bateste com a cabeça? Estás a morrer de alguma doença estranha? Fizeste um voto a algum santo?”...
- Olha olha...
- Olha olha o quê?
- Olha olha um dia podes ter uma surprise.

Até chegar às conversas de cozinha com a minha mãe: “Ai Sara (sim, o meu nome É SARA), mas que ódio é esse agora do casamento e das pessoas casadas?”. Ora bem... acho que chegou a altura de salientar umas coisinhas:
Apesar de eu ser muito céptica em relação ao casamento hoje em dia, eu nunca exprimi o desejo de casar. Nunca o quis. Essa história do “agora não queres” é treta. Sempre me assustou, horrorizou, daí os meus inúmeros pesadelos do fatídico acto.
MAS apesar disto tudo, não implica, nem nunca implicou, uma repugnância para quem sonha com esse dia, ou por quem já passou por eles.
Em relação a esses mutantes verdes, de um olho só, perna curta e braços longos (cof cof...) que optaram por casar... acho que se seguiram o que o coração lhes mandou, se o fizeram por amor, paixão ou muito dinheiro (cof cof bis...) então admiro-os por isso. Nunca julguei ninguém, não vou começar hoje. Quem quiser, case. Quem não quiser, melhor (... tris).
Agora... com o mesmo raciocínio, por não querer, entender, optar sequer por essa via, não façam o mesmo. E porque não quero, não quero menos amor, paixão, momentos lindos etc e couves lombardas (com salsichona sff), e não é por isso que sou um bloco de gelo, insensível e pouco romântica. Até porque se há menina nestas coisas... (tell them Noja...!).

E enfim, no meio destes meus dilemas emocionais, ontem lá se casou o Pedrito. Entre as lagriminhas da minha mãe na Igreja (que suspeito tivessem muito a ver com o apertar do sapatinho novo, e pouco com a emoção da noiva ao dizer os seus “I dos”), eu, o meu pai e o meu irmão lá nos riamos a imaginar cenas de filmes de casamentos (o mais notório obviamente “Four Weddings and a Funeral”...), sendo este último o meu parceiro nesta alergia ao casório.

Quanto a eles: à parte disto tudo, fiquei contente, como é óbvio. Correu tudo bem, e estava tudo muito bonito. Aliás, estava tudo delicioso, desde o aspecto, ao sabor. Se forem “felizes para sempre”, como se escreve nas fábulas... isso já não sei, não depende de mim, nem do que o senhor Padre fez na igreja, nem do que se passa no céu, no Olimpo e nas estrelas e astros, mas sim deles. And that’s all I’m sayin’.

Quanto a mim: encontrei um texto que escrevi, numa noite que recordo perfeitamente bem, e que é demasiado íntima para expor aqui (irónico não é? paradoxal quase...). Foi um devaneio, de um possível enlace à minha maneira, uma coisa a dois... (Se calhar esta teria sido a resposta à pergunta no msn de a bocado, o que se segue neste pequeno “conto fictício”...).

E para mim hoje, a loja fechou.
Good Night, and Good Luck *

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O Girassol


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São cinco da tarde. Olho pela janela e vejo a luz laranja que ilumina os campos de girassóis. Sorrio e penso como são sortudos em seguir o sol a toda a hora. Viro a cara e olho para o espelho à minha frente. Viro-me como os girassóis, para o meu futuro. O meu vestido quase reflecte a luz de tão branco que é. Suspiro, mas suspiro feliz. Sozinha no meu quarto penso no dia em que nos conhecemos. Nos anos que passaram. Nos momentos maus, e sobretudo nos bons. Foram tantos. Foram sobretudo tão bons que não os esqueci.

Oiço alguém a rir lá fora, parece um riso de uma criança. Enquanto cheiro uma frésia, sorrio pensando no presente e no futuro. Olho para o espelho novamente, desta vez de baixo para cima. O tecido ligeiro do vestido que me envolve é tão fresco que quase nem o sinto na pele. Penso em ti, no que estarás a fazer neste momento, e sinto um arrepio quente, um nó na barriga.

Olho para o relógio, são já cinco e vinte. Nem me dei conta. O sol, está mais laranja que nunca. Os girassóis, eles continuam virados. E eu, viro-me para a porta. Avanço segurando os três ramos de frésias brancas na mão. Avanço para a porta, avanço para fora da casa, avanço para fora da vida que tive até aquele dia, avanço para o meu futuro. Ao longe vejo a água do oceano que brilha. Os seus tons aquecem-me até à alma. O cheiro das frésias intensifica-se.

Estás lá. Sei que estás. Avanço... devagar.

Sei que estás ali, a metros de mim. Sinto a tua presença. Não acredito que estamos mesmo a avançar com esta loucura. Sinto o meu medo a crescer. Aproximo-me da água, e oiço as primeiras notas musicais do cânon a serem tocadas por uma guitarra clássica. Dou um passo descalça e detrás do cole, vejo-te.

Estás lindo. Estás lindo... És lindo.

Sorrio enquanto os meus olhos se enchem de lágrimas e brilham. Tu olhas-me com aquele teu olhar mais doce, mais protector, mais cúmplice de sempre. Avanço... e avanço mais rápido. A música acompanha-me e não te largo o olhar. A tua camisa de linho branca esvoaça com a brisa, em sincronia com os movimentos do meu vestido e do meu cabelo. Tropeço e rio-me. Olho para ti e tu, ris enquanto esticas a mão para eu a agarrar.

Ponho o cabelo atrás da orelha, enquanto seguro com uma mão nas flores e no vestido suavemente. A outra mão é tua. Salto e estou ao ao teu lado, no barco. Salto, e estou no teu futuro. No nosso futuro. Assusto-me. Viro-me para olhar para os teus olhos e tu estavas já fixo em mim.

“Quero andar de mão dada contigo para sempre”.

Oiço as tuas palavras enlaçadas com a melodia de Pachelbel, e sem largar o teu olhar, escorre uma lágrima silenciosa.
Desafio todas as regras e beijo-te antes do tempo.

És, e serás um pouco meu.
Sim, um pouco meu. A partir de hoje… e até sempre.

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9 Estrunfes que tentaram tirar o protagonismo:

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