Os vários invólucros que recobrem o núcleo de uma pessoa só são revelados com alguma indústria e destreza.
Somente alguns sabem lá chegar.
Como me vês afinal?
Diminuta?
Sossegada?
Reservada?
Prestável?
Isolada?
Diligente?
Então abre-me. Desvenda-me...
Sou guardiã da minha privacidade e não prescindo dela para qualquer pessoa. Certos momentos e pensamentos devem ser guardados interiormente para ser totalmente saboreados.
Sou curiosa e observadora de tudo o que passa por mim. Indiscreta, por vezes, com olhares que suscitam críticas. Não prescindo deles porém, aprendi muito já observando outros.
Sou teimosa, mas admito cada falha com a cabeça erguida, pronta a aceitar críticas construtivas. Porque posso ser exigente com os outros. Mas sou muito mais comigo própria.
Sou pessimista por natureza. Não, nunca vai mudar. Não consigo ainda perceber como há pessoas que não vêm que o copo está claramente meio vazio. Mas sou diariamente contagiada por gargalhadas, sorrisos e boa disposição. Contagiada por pessoas alegres e ricas de espírito.
Sou irremediavelmente Italiana. O meu mau feitio por vezes joga a meu desfavor, os meus ciúmes inatos mais ainda. Algo não muito bonito, e muito menos produtivo. Hoje, aprendo a viver com eles num triângulo amoroso, equilateral, perfeito.
Sou altruísta, e por vezes em demasia. Ajudar e ensinar ao próximo é para mim natural. Esqueço-me que o Mundo é dos espertos, e que quem dá uma mão por vezes fica sem braços. Quero mesmo assim acreditar que devo continuar a fazer o que sinto justo à minha pessoa.
Tudo o que me envolve é absorvido e digerido.
Rejeito o que é dispensável, mas não o esqueço. Assimilo o que me é necessário, e sintetizo-o. Mas no final do dia, confesso desconhecer qual é mais importante dos dois.
Pouco a pouco crio em mim armazéns de emoções, opiniões e sensações, bem como apreciações, conselhos e rejeições. Faço delas lições de vida futura, que profiro a mim própria quando necessário, mas que acabo por não cumprir.
Mascaro-me friamente no dia a dia. Crio armaduras que me protegem nem eu sei bem do quê. Viver provavelmente. Não me protegem, impedem de deixar entrar muito do que me escapa. Impede de mostrar que sou romântica todos os dias da semana. Irreparavelmente. Impede de mostrar que tenho uma fraqueza.
Reparo e nutro-me da beleza que me rodeia no dia a dia. A Beleza nas coisas mais simples. A Beleza nas coisas que ninguém repara.
Na Natureza. Nas Pessoas. Nos Objectos. Nos Sons. Nas Músicas. Nas Imagens. Nos Sabores.
Nos Cheiros. Aqueles Cheiros. A Beleza nos detalhes de cada um deles.
Quero conhecer tudo mas sem deixar nada atrás.
Ir é um verbo que adoro, tal como Amar, em todas a suas variadas facetas e aplicações gramaticais e físicas.
Sou uma mistura moldada de todo o conjunto de espaços, momentos e países pelos quais passei. Sou um pouco de cada pessoa que me marcou, e muito de quem eu própria aprendi a ser até hoje.
Porque por vezes nem tudo o que é, acaba por sê-lo verdadeiramente.
Porque nem todas as coisas são tão enigmáticas como as pensamos.
Porque a própria complexidade das coisas está na sua imensa simplicidade.
Porque nem sempre basta uma folha de papel e umas palavras para resumir algo.
Não basta somente olhar. É também preciso percepcionar.
Esta sou eu sem medos e cobardias.
Esta sou eu sem máscaras e preciosas analogias.
Esta, sou simplesmente eu.
5 Estrunfes que tentaram tirar o protagonismo:
Gostei
By headache, at 05 fevereiro, 2006 18:33
Está brilhante!
Está tão rico, a todos os níveis, que eu nem me atrevo a comentar mais do que isto.
Grande momento de inspiração...
By Anónimo, at 05 fevereiro, 2006 21:40
Mas que merda é esta? Pelo amor de Deus...! Poupem-me...
Calúnias e mentiras, que eu conheço-a bem... É uma vaca dissimulada... Pffff...
AHAHHHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHH
By Porcotte Pink, at 05 fevereiro, 2006 22:12
Ouço aqui falar em altruísmo e tal... Eu só digo isto: estou há quase dez anos à espera da tão famosa lasanha! É um escândalo!
AHAHHAHAHAHAHAHHAHAHHAHAH
Opá, parvoíces à parte, sim senhora... Mas isto não descreve nem metade do que és. "E as coisas são assim e pronto!"
By Porcotte Pink, at 06 fevereiro, 2006 03:29
David Lynch: :) ahah muito sintético mas conciso! obrigada!
Sadino: muuito obrigaaadaaaa! ;) não sei se estará brilhante, mas gostei de ler isso (esqueci-me se calhar de por convencida nisso tudo? ;) a porcotte é que diria logo q sim... aquela gaja não é só porca é vaca também!). Obrigada a sério ;)
Porcotte Pink: AHAHAHAHAH olha p já: essa foto está genial, finalmente aparece o porco!!! Depois, essa lasanha... com tanta chulice, já levaste com umas boas crostatas, eu não tenho culpa de comeres desalmadamente (ginásio? boa? AHAHAHAH tou a gozar!)... e finalmente... skldskdjaskaçs thanks porca... as coisas SÃO assim e pronto ;)
By Sari, at 06 fevereiro, 2006 10:00
Enviar um comentário
<< Home