domingo, janeiro 15, 2006


Meus caros amigos... Isto hoje foi uma Odisseia digna de Homero. Uma autêntica Ilíada. Fui eu toda lampeira a um centro comercial com os meus pais, contente por arejar um pouco a cabeça e por poder comprar um CD de música do qual andava à procura há muito tempo e que por coincidência encontrei. Imaginem a minha cara radiante. Pensei: o dia não começou de forma extraordinária, mas promete... E oh se promete...

Chegou a hora do jantar, e fomos nós comer um prato de massa e sentar naquelas mesas comuns a todos os restaurantes dos centros comerciais. Coisas do século XXI. De repente, tal qual embuscada de mouros, vêem três ricas criancinhas esconderem-se para perto de nós. O problema foi que não se limitaram a esconder e a correr, que isso a mim não me incomoda nada. Caiam e partam os corninhos, a ver se eu me ralo; os pais que se preocupem. O problema foram os guinchos demoníacos, os gritos dilacerantes que jorraram daquelas boquinhas tão pequenas. Não exagero quando digo que pensei que tinha morrido e ido parar ao inferno. Os tímpanos tremeram e estiveram no limite do estouro.

Os meus pais e eu, incomodados obviamente com tal motim descontrolado durante a janta, começámos a dizer-lhes para irem para longe, ou para pararem de berrar. Mas a histeria era de tal forma descontrolada que nem nos ouviram. Pessoalmente, devem-me ter apanhado num dia mau. Deu-se-me um pico no cu, dei um pulo da cadeira e fui ter à mesa da família Satanás. Com muito bons modos, disse a uma senhora que lá estava que as crianças de facto estavam a berrar na zona em que estávamos a comer, e que isso nos incomodava. Resposta: "as crianças não são minhas". Irritei-me, mas disfarçando perguntei: "então de quem são aqueles querubins?" Um casal olhou para mim, e eu mais uma vez com bons modos disse: "as crianças de facto estão a berrar na zona em que estávamos a comer, e isso incomoda-nos". Olharam para mim, como se eu tivesse falado em russo, assim com cara de boi a olhar para um palácio e resposta: "Mas e então? Não percebo o problema". Ocorreu-me: não te enerves, estás a falar com gente pouco dotada de cérebro e de encéfalo... Voltei a dizer muito devagar e pausadamente com cara de quem está a falar com atrasados mentais: "as crianças de facto estavam a berrar na zona em que estávamos a comer, e que isso nos incomodava". Resposta, ainda com cara de boi, mas já com tom pouco amigável: "Mas estamos num centro comercial!" Ao que eu respondi: "E então?" A minha vontade foi dizer, que nem mesmo num curral, que de facto parecia que era onde estávamos, isso seria tolerável!

Portanto, parágrafo à parte, uma pessoa num centro comercial pode fazer o que lhe aprouver. Pode berrar e guinchar aos ouvidos dos outros. Pode puxar cabelos. Pode defecar no meio das mesas. Pode pisar pés. O que quiser! Argumento: estamos num centro comercial! Bem vindos mais uma vez ao século XXI.

Responderam-me então: "Mas o que quer que faça? Que prenda as crianças?" Aí exaltei-me, perdoem-me, mas de facto não me contive. Tive que falar alto e dizer: "eu só sei é que EU não TENHO que aturar as crianças dos outros! Era O QUE ME FALTAVA!" E tive que virar as costas e ir embora. De facto o ambiente já tinha azedado q.b.

Eu só apelo a isto. A Europa está a envelhecer. É um facto. Temos que procriar. Mas meus caros amigos. Há que educar as crianças e ter cuidado para que elas não incomodem os outros. A minha liberdade acaba onde começa a dos outros. E se eu tenho cuidado com isso é bom que tenham também cuidado comigo! Senão... Temos o caldo entornado. Lá por serem crianças, não desculpa. Bem sei que os paizinhos têm sempre a tendência de achar muita gracinha ás macacadas da sua prole, mas o que é facto é que eu não acho nem graça nem tenho paciência para aturar más educações e berros. Se fôr preciso, educo-as eu à estalada, o que de facto gostaria de evitar. Estaladas tanto para as crianças como para os paizinhos, que são os verdadeiros culpados! Os meus pais educaram-me com cuidado e tendo sempre em consideração o espaço dos outros. Porque assim, também eu tenho crianças... É só largá-las como se largam os touros em Espanha e os outros que se lixem, não? De facto temos que mudar as mentalidades, senão não vamos longe. E frase cliché: e depois admiram-se que o país esteja como esteja, mas com gente malcriada desta a dominar, não podíamos ir longe!

0 Estrunfes que tentaram tirar o protagonismo:

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